Marissa Nadler
Folk/Singer-Songwriter/Female Vocalists
http://www.myspace.com/songsoftheend

Por: Fernanda Blammer

Mesmo ligada ao grupo de artistas que compreendem o criativo movimento New Weird America, a norte-americana Marissa Nadler parece ter optado por um novo seguimento em sua música, algo delimitado como apenas seu. Diferente da temática hippie, excêntrica ou bucólica inaugurada por Devendra Banhart, Vetiver, Megapuss, Cocorosie, Akron/Family e demais propagadores desse gênero, a musicista foi ao encontro de uma sonoridade menos ensolarada que a de seus conterrâneos, rumando para um tipo de som tomado pelo etéreo e o sombrio, um traço que se intensifica ainda mais em seu quinto e homônimo lançamento.

Livre do que venha a ser encarado como uma fórmula, em mais de dez anos de carreira Nadler tem desenvolvido um tipo de trabalho que inviabiliza erros e que parece agradar a ouvintes vindos dos mais variados campos da música. Muito além da tradicional fórmula “voz e violão”, a cantora conseguiu inserir em suas composições uma série de elementos que fazem dela uma personagem singular na música norte-americana, transportando para suas faixas aspectos oriundos do dream pop, música clássica e muito, mas muito lirismo.

Depois de ter explorado Pablo Neruda e Edgard Allan Poe, reinterpretado Neil Young e Leonard Cohen e até de ter chego ao inferno com seu trabalho anterior, agora Nadler dá vida a universo totalmente próprio, repleto de composições enevoadas, mas que autorizam a entrada de pequenas frações de luz. Para seu quinto álbum, a musicista se revela através de um jogo de composições que embora mantenham uma mesma linguagem soturna, como a encontrada em seus anteriores álbuns, agora se convertem em algo mais maduro e ainda assim de extrema beleza.

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Os acordes delicados que inauguram o disco em In Your Lair, Bear vão aos poucos conduzindo o ouvinte para dentro do labirinto de sensações e formas acústicas que correspondem à obra de Nadler. Os vocais carregados de efeitos, a percussão apenas quando necessária e o gradativo incorporar de teclados, arranjos de cordas e sobreposições instrumentais pescam o ouvinte de maneira suave, fazendo com que mesmo quem nunca tivesse apreciado a obra da cantora e seus álbuns passados sinta-se imediatamente atraído pelo comovente reduto de sons que acabam expressos.

Embora o autointitulado disco não traga a mesma gama instrumental que vinha exposta em Songs III: Bird on the Water (2007) ou Little Hells (2009), a maneira reducionista e bem organizada das canções agradam da mesma forma. The Sun Always Reminds Me Of You é um bom exemplo disco, já que as pendências simplistas da faixa abrem espaço para que os sempre agradáveis versos de Nadler possam se concretizar de forma satisfatória. Entretanto, o disco ainda é espaço para que músicas tomadas por uma carga instrumental maior ainda se edifiquem, como Baby I Will Leave You In The Morning ou Puppet Master.

Entre todas as mudanças dentro desse novo disco, talvez o aspecto “romântico” das canções seja o que se apresente de maneira mais latente. Surge uma espécie de afastamento de temas ligados à morte, como o que era encontrado em Bird on your grave, Fifty Five Falls ou outras composições mais conhecidas da musicista, que agora prefere lembrar de alguns amores do passado ou expor seu lado menos denso e sombrio, algo que talvez aproxime mais ainda Nadler de seu público.

Marissa Nadler (2011)

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Joanna Newson, Russian Red e Kate Bush
Ouça: In Your Lair, Bear