Disco: “Mastigando Humanos”, Daniel Peixoto

/ Por: Cleber Facchi 14/04/2011

Daniel Peixoto
Brazilian/Electronic/Electro
http://www.danipeixoto.tnb.art.br/

Por: Fernanda Blammer

Quando surgiu em meados dos anos 2000, ainda como integrante do Montage, Daniel Peixoto soube como ninguém como brincar com a música e com a polêmica, por conta de suas apresentações espalhafatosas e seu visual andrógino, dignos de fazer o clube das senhorinhas da terceira idade morrerem de derrame coletivo. Com seu primeiro álbum em carreira solo, o músico cearense volta com os mesmos elementos que o fizeram conhecido, porém, dessa vez entregue totalmente a música brasileira e aos ritmos latinos. Com vocês: Mastigando Humanos.

Assim como nas faixas ao lado do ex-parceiro Leco Jucá, Peixoto divide-se entre os vocais em inglês e português, formando um tipo de som digno de exportação. De cara o cantor manda a semi-experimental Olhos Castanhos, mesclando programações eletrônicas com uma percussão regionalista. Essa abertura dá uma série de dicas do que será encontrado ao longo de todo o disco, em que uma instrumentação eletrônica se encontra com as influências vindas de distintos pontos do país, principalmente as oriundas do norte do Brasil.

Cantando em idioma pátrio, Peixoto alcança os melhores momentos de todo o disco, como o obtido através da divertida Flei. A faixa que conta com a produção de DJ Chernobyl esbanja referências de conotação sexual, enquanto permite que uma levada caliente sirva de base para os vocais do cantor. Outra que brilha em bom português é a canção homônima (com letra do escritor Santiago Nazarian e produção de Killer On The Dance Floor), em que Daniel opa por uma sonoridade puramente eletrônica, que passeia pelas pistas da década de 90, assim como o electro punk dos anos 2000.

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Mesmo quando opta em cantar em inglês as referências à cultura brasileira permanecem mais do que claras. Prova dessa constante ligação com o nacional ocorre em Shine, faixa que abre com uma boa dose de guitarradas paraenses, entrelaçadas com toques suaves de música eletrônica, detalhe para a fundamental participação da conterrânea de Fortaleza Nayra Costa. O álbum permite ainda alguns híbridos como Don’t Give Up, uma das melhores faixas do trabalho e que conta com as participações de Xis e Clowie de Wolf.

Ao mesmo tempo em que o disco chega carregado de faixas inéditas, algumas conhecidas ressurgem com uma roupagem nova e ainda mais interessante. Prova disso é Raio de Fogo (com participação de Thalma de Freitas), que surge ainda mais trabalhada em uma espécie de macumba eletrônica, melhor do que o resultado alcançado na estreia do Montage em 2008. Até a imbatível I Trust My Dealer volta repleta de novos apetrechos sonoros, carregando um “quê” de MSTRKFRT.

Por mais que Mastigando Humanos seja anunciado como a estreia solo de Daniel Peixoto, o trabalho só existe por conta do esforço conjunto de diversos músicos, produtores e colaboradores. A gama de integrantes dentro do projeto permite que cada uma das canções possa fluir de forma plural, fazendo com que toda a diversidade de estilos seja encaixada de maneira dinâmica e dançante. Assim, Peixoto surge como uma espécie de guia dentro dessa pista de dança que abrange todo o território nacional.

Mastigando Humanos (2011)

Nota: 7.2
Para quem gosta de: Montage, Bonde do Rolê e João Brasil
Ouça: Só paro se cair

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.