Disco: “Matacavalo”, Hossegor

/ Por: Cleber Facchi 01/11/2011

Hossegor
Brazilian/Instrumental/Rock
http://www.myspace.com/hossegor

 

Por: Cleber Facchi

 

Logo que pensamos sobre rock instrumental no Brasil é possível observarmos dois grupos bem definidos de propagadores desse gênero. De um lado estão aqueles que prezam por um tipo de som grandioso, tornado por referências etéreas e uma sonoridade que diversas vezes se entrelaça por elementos experimentais. Já o segundo grupo é composto por artistas que primam por uma musicalidade menos complexa, muitas vezes carregada de crueza e que (obviamente) se afasta de qualquer possível ligação com o plano do etéreo ou do ambiental. A potiguar Hossegor claramente faz parte desse segundo grupo.

Afundados até o talo nos sons exaltados pela década de 1970 – embora uma fina camada de rock alternativo dos anos 90 esteja por todos os lados da obra -, a banda vinda de Natal, Rio Grande do Norte transforma as oito composições de seu primeiro álbum, Matacavalo (2011, DoSol), em uma sequência de rifes sujos e guitarradas carregadas de crueza. Entre exaltações a Jimi Hendrix e um sentimento compartilhado com o trabalho do Alice in Chains, a banda tira proveito de cada um dos pouco mais de 30 minutos do trabalho, permitindo que o público respire apenas ao final do álbum.

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Livres de quaisquer exageros instrumentais, todas as composições do disco surgem inundadas por uma fluidez sonora repleta de sujeira, encontrando na tríade guitarra-baixo-bateria a força suficiente para movimentar toda a engrenagem musical do registro. Mesmo simples as canções passam longe de se materializar como produtos musicais de acústica pobre, materializando em uma bem planejada soma de guitarras fortes o caminho perfeito para que a banda caminhe até o final do disco sem se deparar com quaisquer percalços ou mínimos problemas que possam prejudicar o rendimento do álbum.

Seja através da fluidez ágil de composições mais curtas como Underfocaground e O Retorno, ou desenvolvendo uma sonoridade mais ampliada, como a exposta na quase gigante A Cavalaria, tudo no interior de Matacavalo acaba se movimentando de maneira dinâmica e sempre intensa. Se faltam vozes às faixas do álbum, a trinca de integrantes faz com que seus instrumentos acabem cantando (ou berrando) em seu lugar, transformando o disco em uma pequena, porém efetiva sucessão de belos acertos.

 

Matacavalo (2011, DoSol)

 

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Monster Coyote, Venice e Dalva Suada
Ouça: Underfocaground

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.