Disco: “Megafaun”, Megafaun

/ Por: Cleber Facchi 20/09/2011

Megafaun
Folk/Experimental/Freak Folk
http://megafaun.com/

 

Por: Fernanda Blammer

Ao final da última grande era glacial, quando as temperaturas começaram a subir e gigantescos animais como mamutes, tigre-dentes-de-sabre, preguiças, alces e castores gigantes foram extintos, uma pequena tríade de seres colossais que habitaram os campos gelados do planeta permaneceram intactos, vivos, porém ocultos. Foi só ao final dos anos 90 que estes três representantes do passado foram aos poucos se misturando com os demais seres vivos remanescentes no planeta, gerando uma interação que veio por meio da música, materializando-se em uma série de pequenos discos, apresentando estes três seres pré-históricos sob o coerente nome de Megafaun.

Embora metafórica, a apresentação ao trio Joe Westerlund, Brad e Phil Cook parece funcionar de maneira estranhamente compatível, ainda mais quando nos deparamos com qualquer imagem da trinca de figuras gigantescas que compõem a banda, todos apresentando suas barbas volumosas e um porte físico que, se não os classifica como gigantes pré-históricos, os categorizaria como uma tríade de vikings assombrosos. Entretanto, estranho perceber, que de três indivíduos dotados de um porte tão colossal, parta um som tão calmo e pequenas amenidades acústicas.

Ligados ao sempre efervescente e complexo cenário Freak Folk – que nas últimas décadas revelou um panteão de fenomenais cantores e compositores, músicos como Devendra Banhart, Joanna Newsom e CocoRosie –, a banda, que já conta com três bem recepcionados registros em estúdio, chega agora com seu quarto e também inventivo álbum. Contando com o aval do selo independente Hometapes, o mais recente e autointitulado trabalho do Megafaun converge grande parte da instrumentação que há mais de uma década vem acompanhando o trio.

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Entre as amenidades bucólicas da música folk e pequenas doses de experimentação, o grupo faz com que cada uma das 13 faixas presentes no disco acabem envergando em direções sempre opostas, mas que ao final do álbum parecem se encontrar em um ponto em comum. Instável e fragmentado em diversificadas experiências – tanto sonoras quanto líricas -, o homônimo registro abre espaço para que faixas cuidadosamente delicadas, como Kill the Horns, ou compostos grandiosos, feito Get Right, possam não apenas serem encontrados em um mesmo espaço, como sejam capazes de se relacionar sem que haja qualquer tipo de estranhamento musical.

Vindo de uma sequência continua de três discos – desde 2008 a banda vem lançando um álbum por ano -, em seu quarto álbum, contra qualquer expectativa de um registro que pudesse se assemelhar em demasia aos projetos anteriores, a banda investe em sons que mesmo habituais se anunciam de forma renovada. Seja pelo aplicado uso de guitarras na música de abertura, Real Slow, doses de pura experimentação e transições atmosféricas em These Words ou mesmo faixas do mais puro e sofisticado entalhe instrumental em You Are the Light, tudo dentro do disco flui de maneira nova ao mesmo tempo em que relacionada aos anteriores lançamentos da banda.

Festivo e compenetrado na mesma medida, em sua quarta empreitada musical o Megafaun reforça sua presença como um dos nomes de destaque na sempre mutável música folk norte-americana, unindo sua hoje vasta experiência musical com um fino toque de frescor instrumental. Donos de um som nem um pouco interessado em soar próximo do básico ou do tradicional, ao mesmo tempo em que rompe limites em seu novo álbum a banda mantém uma forte ligação com seu passado recente, resultando em um disco vasto em seus múltiplos âmbitos.

 

Megafaun (2011, Hometapes)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Vetiver, Megapuss e Bon Iver
Ouça: Get Right

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.