Disco: “Mondo Amore”, Nicole Atkins

/ Por: Cleber Facchi 27/01/2011

Nicole Atkins
Female Vocalists/Singer-Songwriter/Alternative Rock
http://www.myspace.com/nicoleatkins

 

Partindo do pressuposto que o novo álbum da bela Nicole Atkins seja um disco de “rock”, a coisa parece não estar tão bem assim. Desde sua estreia em 2007 com o álbum Neptune City, que a garota de New Jersey tenta brilhar como a nova rainha do rock por meio de suas faixas inspiradas em Johnny Cash, The Ronnetes e outros artistas dos anos 60 que davam um pouco mais de peso à música americana. Em Mondo Amore (2011) seu mais recente lançamento a garota parece novamente tentar, mas a falta de inspiração das composições demonstra que ela vai precisar ralar muito ainda.

Vejamos o novo álbum de Wanda Jackson. Completando 74 anos em 2011 a rainha do rockabilly canta, grita e ainda toca como ninguém em The Party Ain’t Over, sue novo disco. Tudo bem que a mãozinha de Jack White na produção do álbum foi uma ajuda e tanto, mas ainda assim é Jackson quem brilha e dá vida ao novo lançamento. Nos quase 40 minutos de duração do novo trabalho a cantora passeia por um mar de estilos, embora sempre calcada no rock clássico. Jackson tem mais de 70 anos.

Atkins, assim como Wanda nasceu em outubro, mas completará 33 aniversários neste ano. Quase metade da experiente artista. Seu novo disco tem praticamente a mesma duração do álbum de Jackson, mas sabe quando ela soa tão boa quanto a veterana? Em nenhum momento. Atkins tem pouco mais de 30 anos.

Agora algum leitor dirá: “Mas veja a experiência de Wanda Jackson em comparação com a pobre Nicole”. Simplesmente não justifica. Podemos citar uma série de jovens músicos que com bem menos idade que a cantora de New Jersey mudaram profundamente a história da música. Ao contrário de inspiração, o que a jovem musicista deixa transparecer é insegurança. Seu segundo álbum é tão roqueiro e inovador quando Kelly Clarkson em All I Ever Wanted (2009), considerado o trabalho mais “pesado” da eterna participante do American Idol.

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Até Juliette Lewis, que é atriz, quando resolveu adentrar na carreira da música ao lado do The Licks fez muito melhor. Seus vocais tinham força, dinamicidade, carisma e ela sabia o que estava fazendo no palco. Basta lembrar sua apresentação no extinto Tim Festival em 2007. Convenhamos que metade daquilo era fomentado por sua experiência como atriz, o que dava a ela um total controle do misancene, mas poxa, alguém que nunca havia se voltado para a música ter feito aquilo? Nicole Atkins, talvez seja melhor você rever o negócio da música aí.

Talvez o rock não seja a melhor praia para a cantora. Quando suas faixas se voltam para composições mais calmas, livres de aceleração e peso, ela até se destaca. O que já não acontece quando tenta pagar de roqueira. Tudo fica forçado, como se ela tivesse assistido The Runaways – Garotas do Rock (The Runaways, 2010) – títulos de filmes em português são sempre os melhores – e pensado “Meu Deus! É isso que eu quero pra mim, ser uma Rockstar!”.

Atkins tem sim belos vocais, um belo rosto, mas soa muito melhor quando comportada e de fato dando destaque a sua voz, sem forçar, sendo apenas ela. Bem por isso que War Is Hell é a melhor canção do disco. Seus vocais limpos e profundos fazem com que ela soe natural, algo que não transparece em nenhuma das outras canções.

 

Mondo Amore (2011)

 

Nota: 6.0
Para quem gosta de: Juliet Lewis, Neko Case e Kelly Clarkson (!)
Ouça: War Is Hell

Por: Fernanda Blammer

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.