Disco: “Money And Celebrity”, The Subways

/ Por: Cleber Facchi 14/09/2011

The Subways
British/Indie Rock/Alternative
http://thesubways.net/

Por: Cleber Facchi

Com exceção do sotaque que esporadicamente se evidencia nas canções da banda, o The Subways nunca pareceu com um tradicional grupo de indie rock inglês. Enquanto seus conterrâneos pareciam interessados resgatar toda a bagagem musical que se acumulou ao longo de quatro ou cinco décadas de produções conceituais nas terras da rainha, o trio londrino manteve uma sempre intensa ligação com o rock alternativo norte-americano, algo que vem acompanhando o trabalho da banda desde que a mesma se formou em meados de 2003. Uma escolha que obviamente se mostrou como a mais acertada quando observamos os dois (intensos) primeiros álbuns do grupo.

Em meio ao cada vez mais repetitivo e decadente cenário musical britânico, em que somos afogados por uma sequência de lançamentos que de maneira descarada plagiam e roubam fórmulas da estação passada, as composições propostas por Billy Lunn, Charlotte Cooper e Josh Morgan pareciam soar como algo novo, despojado e verdadeiramente interessante. Ao menos pareciam. Com Money And Celebrity (2011, Warner Bros.), terceiro e atual registro da banda, o trio nos sufoca com sua montanha de sons apoiados pretensiosamente em temáticas já bastante conhecidas, se valendo não apenas de referências próprias, como sugando descaradamente elementos de outros grupos britânicos.

Os riffs de guitarras inspirados em grupos como Nirvana, ou outros expoentes do rock norte-americano da década de 1990 ainda estão lá. O que também acaba aparecendo são as letras adolescentes que o grupo é especialista em desenvolver, construídas a partir da dobradinha de vocais formada por Lunn e Cooper. Todos elementos que aos poucos vão envolvendo o ouvinte, fazendo explodir uma inevitável vontade de dançar, balançar a cabeça e acompanhar de maneira empolgada o refrão de cada faixa. Entretanto, o que também acaba surgindo conforme o disco se desenvolve é a estranha sensação de “eu já ouvi isso antes”, uma percepção estranha, afinal, este não é um álbum de músicas inéditas?

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Tecnicamente esta é a proposta do mais recente álbum do The Subways, contudo, à medida que o disco vai passando, mais percebemos o quanto ele é uma simples cópia dos dois anteriores trabalhos do grupo. It’s A Party é a nova Kalifornia, We Don’t Need Money To Have A Good Time é a Holiday da vez, enquanto Celebrity é simplesmente um plágio vergonhoso de Banquet (ou seria Helicopter) do Bloc Party, o ritmo e o riff são simplesmente os mesmos, algo simplesmente constrangedor. Isso sem contar com a coleção de letras assombrosamente fúteis que a banda vai apresentando no decorrer do álbum, sendo Kiss Kiss Bang Bang (o título já diz tudo) o pior/melhor exemplo disso.

Tudo bem que se observarmos os dois anteriores lançamentos do The Subways não teremos nenhuma composição digna de “salvar o rock” ou faixas capazes de mudar a sua vida – a banda em nenhum momento se propôs a fazer isso -, entretanto havia em qualquer uma das 24 faixas presentes nos últimos discos uma fluência natural do trio, algo que agora é substituído por uma sonoridade forçada, plástica e repetitiva. É possível até delimitar um padrão, com todas as composições [1] abrindo com algum riff de guitarras “cru” e “pesado”, [2] vocais que vão se entrelaçando de maneira empolgada, porém mais leve, [3] um refrão que explode pouco antes da metade faixa, [4] todos os elementos se repetindo nessa mesma ordem.

Seja o medo de arriscar ou o fato de estarem atrelados a uma grande gravadora – a Warner Bros. -, mas o fato é que em seu novo disco o The Subways passa longe (muito longe) de repetir o sucesso do passado, afinal é ao se apoiar em demasia nas mesmas fórmulas desenvolvidas em seu passado recente que o grupo se mantém distante de qualquer possível acerto. Money And Celebrity é como montar uma coleção de figurinhas repetidas, você pode até alcançar uma pilha enorme delas, mas nunca saberá como é conquistar um álbum completo.

 

Money And Celebrity (2011, Warner Bros.)

 

Nota: 5.0
Para quem gosta de: The Pigeon Detectives, Arctic Monkeys e The Wombats
Ouça: It’s A Party

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.