Disco: “Monkeytown”, Modeselektor

/ Por: Cleber Facchi 29/09/2011

Modeselektor
Electronic/IDM/Techno
http://www.modeselektor.com/

 

Por: Cleber Facchi

Quem há tempos acompanha o trabalho da dupla germânica Modeselektor sabe muito bem que a boa atuação do duo Gernot Bronsert e Sebastian Szary não está na concisão de seus discos, e muito menos no diálogo e na proximidade gerada entre suas composições, mas sim em cada faixa e suas mínimas particularidades. Grande parte do que trouxe destaque ao projeto apresentado pelos alemães não estava em sua até bem concebida estreia Hello Mom!, de 2005, mas nos singles e composições aleatórias que a dupla desenvolve desde meados dos anos 90, quando passou a atuar em diversos clubes de Berlin.

Com Monkeytwon (2011, Monkeytown Records), mais novo trabalho da dupla alemã isso não é diferente. Cada uma das 11 composições que se abrigam no interior do disco são construídas dentro de uma linguagem bem particular, como se o álbum nada mais fosse do que o resultado do encontro entre diferentes músicas, todas dotadas de uma sonoridade própria e específica. A falta de ligação entre as composições, entretanto, não impede que o álbum se desenvolva de maneira mais do que satisfatória, com o duo mais uma vez promovendo seus tradicionais loopings hipnóticos e as batidas sincopadas que há mais de uma década delimitam o trabalho do Modeselektor.

Mesmo que cada faixa faça uso de uma tonalidade própria, obviamente há um limite para essa distinção, com as composições sendo integralmente amarradas em uma vestimenta sintética que passeia tanto pela IDM como pelo Techno, tendências que delimitam o trabalho da dupla desde seus primeiros lançamentos. Dessa forma, mesmo que cada composição aponte para um caminho bastante específico e singular, torna-se possível encontrar certa aproximação entre as faixas, como se a faixa de abertura, Blue Clouds, se ligasse diretamente com a última música do álbum, que por sua vez se aproxima se conecta com as faixas anteriores.

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Oposto do que a dupla havia experimentado em seu último lançamento, Moderat (2009), um álbum feito em parceria com o conterrâneo Sasha Ring/Apparat, em Monkeytwon todas as escolhas do duo se voltam para a produção de um som nada orgânico e totalmente eletrônico. Mesmo quando os vocais se fazem presentes no interior de algumas faixas, a maneira como a dupla entalha as composições denotam um caráter estritamente sintético, frio e seco, com as batidas se evidenciando como o principal elemento de todo o trabalho, não o uso de camadas e texturas diversificadas, algo que se materializava através do último álbum dos germânicos.

Além do bem desenvolvido paredão eletrônico que vai crescendo ao longo do disco – e que parece simplesmente explodir em German Clap -, outro elemento que proporciona visível destaque ao álbum está nos pequenos flertes da dupla com o hip-hop. Já experimentado em outros lançamentos, em seu recente álbum o duo deixa o ritmo correr solto, despontando aos poucos em músicas como Berlin (que também brinca com a soul music), Grillwalker, Humanized e Pretentious Friends, o que acaba evitando que o disco soe demasiado próximo daquilo que a dupla já vinha provando em seus primeiros lançamentos.

Embora seja todo desenvolvido dentro dos limites e características próprias do Modeselektor, Monkeytown cresce em grande parte pelo suporte gerado através de um amplo número de contribuintes. Entre nomes como Anti Pop e Miss Platnum, quem realmente se destaca é um empolgado Thom Torke, que parece reviver entusiasmado as mesmas experiências musicais exploradas por ele no já velhinho The Eraser. Desplugue o cabo dos fones e conecte nas caixas de som, pois o álbum já está pronto para as pistas.

 

Monkeytown (2011, Monkeytown Records)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Thom Yorke, Apparat e Siriusmo
Ouça: Evil Twin e Shipwreck

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.