Disco: “Monndo EP”, Monndo

/ Por: Cleber Facchi 13/04/2011

Monndo
Brazilian/Indie Rock/Alternative
http://www.myspace.com/monndo

Por: Cleber Facchi

A Monndo tem tudo que uma banda britânica precisa ter: canções marcadas por guitarras aceleradas, distribuindo acordes eletrônicos, fáceis e pegajosos, letras românticas, sempre tratando da perda da pessoa amada e aquele refrão gritado, feito para o ouvinte cantar a plenos pulmões. Porém, um mínimo detalhe: a Monndo em questão não toca em nenhum pub londrino e nem ao menos vem de algum subúrbio do Glasgow, pelo contrário é originária de São Paulo, mais especificamente de Campinas.

Quem se deparar com o autointitulado EP de estreia do grupo paulistano encontrará não apenas os elementos acima, mas uma sequência de bons vocais (alguns sotaques, aqui e ali), faixas feitas para a pista e uma instrumentação coesa e limpa, fruto do produtor Gabriel Duarte, que auxilia o grupo a deixar que toda a carga de influências (Bloc Party, Kaiser Chiefs e até Radiohead) tornem-se visíveis ao longo das cinco faixas que compõem o registro.

A bem amarrada sequência de faixas é o que tornam o álbum verdadeiramente gratificante de ser ouvido. A abertura com Supposed, lembrando um Bloc Party (ou seria The Killers?) mais contido funciona de forma a prender os carentes desse tipo de sonoridade. O refrão explosivo, entretanto, faz com que a faixa agregue um caráter universal, programada cuidadosamente para jogar o ouvinte pra cima com a alavanca de guitarradas e o verso “it was supposed be lighter/ I was supposed be cooler” trabalhado de forma explosiva.

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Menos inspiradas que a faixa carro-chefe, Mysterious Guy e Doctor seguem explicitando diretamente as influências que Kaiser Chiefs (principalmente) e Franz Ferdinand exercem sobre a musicalidade da banda. A primeira, por exemplo, traz o mesmo tipo de sonoridade e vocais (sempre acompanhados por um backing vocal similar) dignos de comporem Employment (2005). Já a faixa seguinte bebe fácil do grupo de Alex Kapranos, abrindo como uma espécie de Jacqueline para mais tarde virar uma Van Tango com toques de No You Girl.

Infelizmente o excesso de “referências” faz com que as faixas percam seu ineditismo, parecendo uma série de cópias menos entusiasmadas que a canção de abertura. Porém esses pequenos problemas são parcialmente esquecidos com Confusions (Of Real Illusions), facilmente a melhor canção do disco. Bebendo do britpop dos anos 90, a música se apresenta como o ponto de maturidade da banda, deixando a temática dançante de lado em prol de um som mais introspectivo e consequentemente melhor explorado. Até o fechamento com Keep Dancing parece melhor depois dessa bela canção.

Assim como boa parte das bandas brasileiras que se aventuram em “terrenos internacionais” a Monndo peca pela falta de novidade, o que de forma alguma tira do grupo a habilidade de fazer um som dançante e que vai agradar em cheio aos apreciadores desse tipo de música. Letras em português ou mesmo uma sonoridade própria da banda não seriam ruins. Entre erros e acertos, os paulistas estão claramente no caminho certo.

Monndo EP (2011)

Nota: 6.5
Para quem gosta de: Kaiser Chiefs, Bloc Party e The Killers
Ouça: Supposed

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.