Disco: “Mountaintops”, Mates Of State

/ Por: Cleber Facchi 10/08/2011

Mates Of State
Indie Pop/Female Vocalists/Indie
http://www.matesofstate.com/

 

Por: Fernanda Blammer

Seria de se esperar quem em mais de dez anos de carreira, o casal Kori Gardner e Jason Hammel trouxesse algum tipo de novidade ao som proposto pelo Mates Of State, entretanto foi ao manter as mesmas tonalidades pop e melódicas que se encontram desde seu primeiro álbum, My Solo Project de 2003, que o duo do Kansas cultivou um seleto grupo de fãs e ativos seguidores. Para o lançamento de seu sexto álbum (sétimo se contarmos o disco de covers lançado em 2010), a dupla mantém a mesma sonoridade de suas anteriores produções, mantendo a constante busca por um som afável e ainda mais cobertos de sintetizadores.

Assim como em seus anteriores trabalhos, Mountaintops (2011, Barsuk) é um disco que não concentra seus esforços na procura de um som amplo ou composto de nuances e texturas diversificadas. Embora belas e formatadas em uma tonalidade agridoce, a simplicidade é o mecanismo que prevalece em todo o disco e em cada uma das dez finas composições que o acompanham, afinal, por todos os lados pianos e toques sintetizados se esbarram em uma bateria básica, proporcionando um disco que trafega pelas mesmas frequências do indie pop contemporâneo, mas que parece concentrar suas informações no soft rock dos anos 70.

Diferente de outras duplas, como The Kills ou The Ravoenettes, que focam suas produções no uso de guitarras rebuscadas e no encaixe preciso com as batidas da bateria, Gardner e Hammel fazem com que suas músicas trafeguem de maneira natural, suave e em nenhum momento em busca de algo que ultrapasse seus próprios limites. Claro que esse excessivo controle por parte do duo norte-americano acaba em diversos momentos se traduzindo em composições demasiadamente ponderadas, entretanto é o mesmo caminho que leva o disco a proporcionar seus maiores acertos.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=kdoYK9jOltQ]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=y4EZU1V8ihY]

Em Desire, oitava faixa do disco, por exemplo, para além do já tradicional cruzamento entre bateria e teclados, o duo posiciona de forma concisa um acréscimo quase minimalista de um trompete, quebrando qualquer forma convencional que poderia se apossar do trabalho da dupla. A mesma busca por renovação se faz presente em Sway, que parece transitar o tempo todo pelas mesmas predisposições instrumentais da década de 80, porém longe do soar como uma redundante composição voltada ao synthpop.

Embora as canções mantenham constante a busca por um tipo de som brando e tecnicamente limitado, diferente dos anteriores lançamentos do duo Mountaintops concentra suas forças em cima de músicas que começam pequenas e lentamente vão se transformando em criações grandiosas, claro, sempre dentro dos limites do casal. Um bom exemplo disso se faz presente em Unless I’m Led, que mesmo abrindo de forma suave, lentamente vai se cercando de novos synths e efeitos percussivos, até ser capaz de “explodir” em seus momentos finais, impedindo que a música se transforme em mais uma pérola da melancolia exposta pelo duo.

Assim como Re-Arrange Us, último registro de inéditas da dupla lançado em 2008, Mountaintops parece traçar uma linha imaginária em sua abertura e seguir esse mesmo trajeto até seu final. Mesmo capaz de agradar quem nunca provou das doces melodias lançadas pelo casal norte-americano, o álbum parece inteiramente pensado nos fãs da dupla, afinal, são poucas as novidades encontradas no decorrer do disco, como se o duo apenas revisse algumas de suas anteriores composições, trazendo apenas uma nova roupagem aos seus velhos trabalhos.

 

Mountaintops (2011, Barsuk)

 

Nota: 6.8
Para quem gosta de: The Submarines, Rilo Kiley e The New Pornographer
Ouça: Changes

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.