Disco: “Move Like This”, The Cars

/ Por: Cleber Facchi 06/05/2011

The Cars
New Wave/Pop/Rock
http://thecars.org/

Por: Cleber Facchi

Depois do Gang Of Four e o The Feelies lançarem seus novos discos, após anos sem nenhum trabalho de inéditas, quem faz seu retorno e contribui para essa ode aos anos 80 é o grupo norte-americano The Cars, que munidos de seus sintetizadores e guitarras carregadas pela sonoridade fluorescente de épocas passadas fazem um belo regresso. Move Like This (2011) mostra que os veteranos da New Wave ainda sabem como brincar com os ritmos que os tornaram conhecidos, dando vazão a um álbum que parece ter viajado através do tempo até chegar estável ao presente.

A banda formada por Ric Ocasek, Greg Hawkes, Elliot Easton, David Robinson e Benjamin Orr (morto em 2000 em decorrências de um câncer no pâncreas) teve seu inicio ainda em 1976, e até o encerramento de suas atividades em 1988 presenteou o público com seis discos oficiais, de onde saltaram hits como My Best Friend’s Girl, além de outros clássicos mais do que absolutos desenvolvidos durante o período. As guitarras levemente funkeadas, as densas camadas de sintetizadores e letras pop chiclete foram o combustível para que o então quinteto brilhasse por todos os Estados Unidos e criasse uma verdadeira soma de fãs divididos por todo o país e pelo resto do mundo.

Move Like This, assim como Here Before (2011), do The Feelies, não é um simples retorno da banda ou um álbum preenchido com qualquer tipo de som em troca de dinheiro e apresentações para fãs saudosistas, pelo contrário, o álbum se revela como um verdadeiro achado, condensando hit atrás de hit. O tempo, ao contrário do que acontece com muitos grupos, fez mais do que bem ao quarteto, que em menos de quarenta minutos revelam todos os motivos de serem um dos artistas mais queridos do pop rock oitentista.

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O disco abre em meio àquilo que o grupo sabe fazer de melhor: unir guitarras dançantes e sintetizadores grudentos, que acabam por dar vida ao clássico moderno Blue Tip, faixa que se fosse lançada há 30 anos estaria reverberando até hoje como hit absoluto de uma geração. E se você pensa que depois de um hit certeiro o trabalho morre aí, enganou-se feio. To Late, soando ainda mais empoeirada pelas referências que a constroem, acaba, entretanto, se revelando como um registro atemporal, fluindo com exatidão dentro do cenário synthpop contemporâneo.

A sequência construída por Keep On Knocking, Soon e Sad Song dão a clara sensação de que o ouvinte não está mais vivendo nos anos 2000, mas que de fato foi transportado de volta aos anos 80, dividindo-se entre momentos de pura descontração e sensibilizações românticas, repletas de baterias com ecos, teclados sorumbáticos e guitarras tocadas de forma lenta e apaixonante. A sinceridade com que a banda expõem seus versos e a instrumentação em Soon, por exemplo, funciona como uma verdadeira aula à toda essa geração de artistas que ainda teimam em beber dos gloriosos anos da New Wave sem que para isso haja uma entrega, algo que o quarteto faz, e muito bem.

Talvez o único erro de Move Like This seja o fato de não ter sido lançado antes. O álbum é tão bom que chega a soar duvidoso, como se não fosse realmente atual, mas algum registro antigo encontrado por algum fã garimpeiro, ou talvez uma coletânea com os melhores singles do quarteto. Os méritos do álbum não devem, entretanto, serem firmados exclusivamente à figura da banda, mas ao produtor Jacknife Lee (responsável pelo trabalho de bandas como U2, Bloc Party, R.E.M. e Snow Patrol) que soube fazer o quarteto de senhores cinquentões se portarem como jovens na casa dos 20.

Move Like This (2011)

Nota: 6.0
Para quem gosta de: The Feelies, Gang Of Four e The Romantics
Ouça: Soon

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.