Disco: “Mrs. Jones’ Cookies”, The Sandwitches

/ Por: Cleber Facchi 01/07/2011

The Sandwitches
Indie/Lo-Fi/Female Vocalists
http://www.myspace.com/thesandwitches

Por: Fernanda Blammer

Se há um ou dois anos o cenário musical californiano se revelava como o grande formigueiro do rock alternativo nos Estados Unidos (superando sem muitos esforços o famigerado e redundante panorama do Brooklyn em Nova Iorque), hoje encontrar algum artista que traga algo realmente novo para dentro da mesma produção torna-se uma tarefa mais do que árdua. Nunca antes rótulos como “Lo-Fi”, “Garage Rock” ou expressões que sirvam para identificar um som sujo foram tão utilizadas como agora. Tocadas pelos mesmos rótulos, mas em busca de um som próprio, as três garotas que compõem o The Sandwitches experimentam sonoridades para transformar sua estreia em algo mais original possível.

Quebrando alguns clássicos do Dream Pop como Today (1988) ou On Fire (1989) do Galaxie 500 e cruzando com uma série de referências à música pop dos anos 60, o garage rock dos anos 80 e uma pitada de surf music, Heidi Alexander (guitarra e vocal), Grace Cooper (guitarra e vocal) e Roxanne Brodeur (bateria) transformam sua estreia, Mrs. Jones’ Cookies (2011, Turn Up Records) em um álbum agridoce, um registro que se fragmenta entre o suave canto da dupla de vocalistas e o uso de uma instrumentação rebuscada, com foco principalmente na dobradinha de guitarras.

Contrárias ao quase infinito número de bandas de garotas – que cresce diariamente com o surgimento de um novo grupo (quase sempre trios) -, em suas canções a trinca de São Francisco parece não se interessar por algo que soe excessivamente alto e ruidoso ou que escape dos contornos sofisticados de suas brandas composições. Ao longo de quarenta minutos, a banda se especializa na construção de faixas que mesmo sujas optam por uma estratégia ponderada, uma bela oposição ao que Dum Dum Girls, Best Coast ou demais artistas do gênero venham a desenvolver.

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De todos os artistas que atualmente optam pelo mesmo segmento do The Sandwitches, talvez o que mais se assemelhe aos sons das californianas seja aquilo que “Kickball Katy” Goodman do Vivian Girls desenvolve em seu projeto paralelo, o La Sera. O uso de composições suavizadas, vozes e instrumentos pouco alterados e as leve pendências aos sons praieiros tornam os dois registros muito próximos. Entretanto, enquanto a nova-iorquina se veste com uma sonoridade completamente leve e que pouco se modifica, a tríade feminina faz de suas faixas um reduto, mesmo que compacto, de boas experimentações e alternâncias rítmicas constantes.

Além do agradável resultado instrumental, que inverte o aspecto reducionista à seu favor, o que mais surpreende dentro de Mrs. Jones’ Cookies são definitivamente os vocais que o duo de vocalistas despeja sobre as faixas. Valendo-se de falsetes e tonalidades próximas de um resultado operístico, Alexander e Cooper fazem com que tudo aquilo que pudesse soar como demasiado convencional ganhe um toque de inédito ou de renovado. Faixas aos moldes de In The Garden, Summer of Love e Lightfoot só ganham um toque sofisticado e grandioso por conta das belas melodias de voz, algo que torna o trabalho do trio um registro singular.

Mesmo que consiga se distanciar visivelmente de todo o convencional amontoado de discos que transitam pelas mesmas tendências, em alguns momentos o The Sandwitches soa redundante, mesmo concentrando seus esforços em apenas dez canções. Ao mesmo tempo em que algumas canções ganham ritmo e mantém um fôlego constante, outras como Heavy Times e Miracle Me parecem se arrastar em sua execução, fazendo com que o disco perca pontos e evite de alcançar um melhor desempenho, algo que as três garotas tem sim fôlego para elaborar.

Mrs. Jones’ Cookies (2011)

Nota: 7.3
Para quem gosta de: La Sera, Dum Dum Girls e Best Coast
Ouça: Lightfoot

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.