Disco: “MU.ZZ.LE”, Gonjasufi

/ Por: Cleber Facchi 26/01/2012

Gonjasufi
Experimental/Psychedelic/Electronic
http://www.sufisays.com/

 

Por: Gabriel Picanço

 

Gonjasufi é um sujeito de aparência, história e músicas peculiares. Sumach Ecks, de mãe mexicana e pai etíope, é um homem alto, de semblante fechado e sério, com barba espessa e dreadlocks gigantescos.  Além de músico ele é professor de yoga em Las Vegas.  O som produzido por ele é o misto de todas essas referências culturais. Um hip hop desértico, psicodélico e meditativo, com forte influência oriental. Experimental e estranho ao extremo.

Apesar de fazer música desde a década de 1990, foi em 2008, apos a participação na faixa Testament, do produtor californiano Flying Lotus, que a carreira do artista engrenou. Foi a primeira vez que muita gente teve contato com a sua voz única e hipnótica, que combinou perfeitamente com a base de FlyLo. Mais tarde, em 2010, veio a arrebatadora e psicodélica viajem que é a estreia de Gonjasufi, o álbum A Sufi And a Killer.

Em MU.ZZ.LE, um mini álbum com menos de 25 minutos de música, a viagem não é tão intensa quanto na estreia do rapper. Apesar de utilizar dos mesmos ingredientes de A Sufi And a Killer (o flow tântrico, meio bêbado; bases ruidosas e abafadas; graves poderosos; faixas curtas), a receita teve um efeito bem menos potente.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=L-uUtLe7ruw]

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=vnnX0-Egck0]

Talvez porque os “cozinheiros” não foram os mesmos. Um dos motivos para a queda de qualidade no mini álbum sem duvidas é o fato dele ter sido produzido inteiramente por Gonajasufi. Apesar de ser um bom produtor, não se compara aos monstros Gaslamp Killer e Flying Lotus, responsáveis pelas bases do primeiro álbum.

Mesmo assim, o mateiral produzido por Gonja apresenta colagens sonoras interessantes e batidas completamente diferentes de qualquer outro ato de hip hop atual, consolidando uma estética original e lo-fi ao seu trabalho. Por outro lado, o excesso de filtros e efeitos na faixas cria uma atmosfera desconfortante em alguns momentos. As interferências ruidosas chegam quase ao insuportável em Sniffin’, e sons eletrônicos dissonantes estão presentes em todas músicas.

O melhor de MU.ZZ.LE é justamente o seu momento mais sóbrio, Nikels and Dimes. Nela, continuam os ruídos e ecos, em menor quantidade, e a sua batida se aproxima mais do que é considerado “tradicional”. O disco, apesar de tão curto, não consegue prender a atenção de forma hipnotizante, o um grande mérito de A Sufi And a Killer. É uma pena que Gonjasufi tenha tomado a decisão de fazer um álbum caseiro, sozinho, mesmo com tanta gente boa disposta a ajudar.

MU.ZZ.LE (2012, Warp)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Flying Lotus, Teebs e The Gaslamp Killer
Ouça: Feedin’ Birds e Nikels and Dimes

[soundcloud url=”http://api.soundcloud.com/tracks/34291990″ iframe=”true” /]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.