Disco: “Nasceu”, Rinoceronte

/ Por: Cleber Facchi 05/01/2011

Rinoceronte
Brazilian/Alternative/Rock
http://www.myspace.com/rinoceronterock

 

Todos os anos uma infinidade de bandas despejam via rádio, internet ou televisão suas faixas encantadoramente inspiradas pelos anos áureos da década de 1970. Gente que cresceu ouvindo Led Zepellin, Black Sabbath, Rush ou qualquer outra banda que fez e aconteceu há mais de 30 ou 40 anos. Algumas como as dos brasileiros do Black Drowning Chalks ou os australianos do Wolfmother bebem direto da fonte setentista e sabem reproduzir essa inspiração com eficácia. Outros como os o trio gaúcho dos Rinoceronte não chegam nem perto disso.

Existe uma linha muito tênue entre saber utilizar-se de um som de maneira referencial e de fazer disso uma mera cópia. A banda de Santa Maria no Rio Grande do Sul pende justamente para a segunda opção e acaba por gerar um disco monótono que em nada apresenta inovações. Até a definição “rock puro e pesado” do qual o grupo faz uso em sua descrição é incoerente. Basta observar canções como Chaves e Segredos com sua letra auto-ajuda e instrumentação pseudo-agressiva para chegar a essa conclusão.

O som dos Rinocerontes é tão comum que qualquer cidade de pequeno ou médio porte deve ter uma banda formada por adolescentes donos de uma sonoridade idêntica ou até melhor que a desenvolvida pelo trio gaúcho. A única coisa que os difere desses jovens “adoradores do rock” é a oportunidade que tiveram de gravar um disco. Fora isso, uma sobrecarga de mais do mesmo.

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Se for pra tocar rock então toquem rock Rinocerontes. Pegue como exemplo qualquer single lançado pelos goianos do MQN, ou as faixas mais inspiradas do BDC quiçá alguns segundos de Johny Suxx and the Fucking Boys. As influências deles não parecem ser diferentes das ouvidas por vocês. “Ecos de Stoner Rock”? Cadê? As guitarras parecem tão fracas que até um guitarrista de banda pop quando posa de roqueiro para tirar fotos soa melhor. Fora a voz do vocalista que é jogada lá para o fundo e tenta desesperadamente ganhar um pingo de atenção. Talvez seja até melhor assim, isso evita com que as letras toscas possam ser mais bem compreendidas.

Entretanto no meio de tantas composições ruins não há como não comentar a bateria eficiente e volátil de “Alemão” Luiz Henrique, o único elemento bem desenvolvido de todo o disco. O músico sabe como guiar seu instrumento de maneira heroica salvando em diversos momentos o álbum do fracasso total. Em Espelhos ela vem de maneira militarizada enquanto em Anda no Ar ela se desdobra constantemente para salvar o restante da canção.

Claro que se comparados com a avalanche de “bandas de rock” que circulam por aí o grupo ainda tem salvação. O grande problema está no fato de um trio que se diz inspirado por uma década tão rica e intensa como foram os anos 70 e apresente algo tão fraco e sem um pingo de modernização. Talvez a banda precise voltar a ouvir os discos que apontam como referências, ou talvez devam tirar um tempo e refletir se viver de música é o que eles querem para si.

 

Nasceu (2010)

 

Nota: 3.0
Para quem gosta de: Perder tempo, discos com capas bonitas e Auto-ajuda
Ouça: qualquer faixa, não importa mesmo

 

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.