Disco: “Native To”, Is Tropical

/ Por: Cleber Facchi 31/05/2011

Is Tropical
British/Indie/Electronic
http://www.myspace.com/istropical

Por: Cleber Facchi

Bastou ao trio de amigos Simon Milner, Gary Barber e Dominic Apa do Is Tropical apenas um clipe para que os então desconhecidos músicos se transformassem na nova sensação da música pop. Unindo crianças com cenas de alto teor de violência, os britânicos invadiram o mundo com The Greeks, faixa que além das imagens “polêmicas” (que devem ter arregalado os olhos de algumas senhorinhas defensoras da boa causa) vinha dotada de um clima dançante no melhor estilo Two Door Cinema Club, além de uma leve tonalidade lo-fi. Mas além do eficaz hit teria a banda material suficiente para um bom disco?

A resposta para essa e outras perguntas chega com Native To (2011), disco de estreia do grupo e que já vem protegido pelo selo francês Kitsuné Maison, casa de alguns artistas como Delphic, Chew Lips entre outros nomes, quase sempre ligados à música eletrônica. Em 12 faixas, o trio tenta se manter dentro da mesma funcionalidade expressa em seu primeiro grande hit, criando um som que vai do rock ao electro sem nunca se desligar do pop. Dotado de sintetizadores sujos, versos pegajosos e uma sonoridade propensa às pistas, a banda faz de seu debut mais uma das apostas para 2011.

Enquanto algumas estreias como Torches do Foster The People ou The Human Condition do músico Jhameel pendem para uma sonoridade mais límpida, recheada de instrumentos variados e vocais coloridos, a sonoridade proposta pelos londrinos se concentra em certa obscuridade, encontrando nos sons dos anos 80 o grande elemento de liga para o disco. Da primeira à última faixa todos os sons dentro do álbum se mantém em uma linha tênue, oscilando entre o festivo e momentos de quase introspecção.

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Um belo exemplo dessa divisória dentro do álbum está em Oranges, faixa em que o trio a todo momento tenta se concentrar em um som dançante, mas por conta da sonoridade proposta acaba em diversos momentos os puxando para algo mais ponderado. É nesse momento em que a pegada Post-Punk do grupo se revela, tanto na forma como as guitarras são expostas, quanto na batida repleta de eco da bateria. Outras como Lies também evidenciam isso, com os músicos se mobilizando na tentativa de produzir algo dançante, mas que logo se converte em um som brando e convencional.

Quem apreciar o álbum sem partir em busca de uma nova The Greeks pode até encontrar em  Native To algumas boas faixas. Logo de cara, South Pacific consegue entusiasmar o ouvinte, lembrando um The Mary Onettes mais dançante. Brincando com as “sujeiras” propostas pela banda Zombies se evidencia como um hit em potencial, principalmente para as pistas. Berlin é outra, que cruzando os ritmos dançantes com a poeira ocasional dos sintetizadores acaba se revelando uma boa composição, chegando bem perto de superar o carro chefe do disco.

Entretanto, quando observado como um todo Native To se apresenta como um trabalho fraco e que vai perdendo pontos em seu desenrolar. É bom, mas suas canções não conseguem dar conta do que “o melhor clipe do ano” (como já apontam alguns sites) acaba propondo. Em Think We’re Alone, por exemplo, o trio acaba soando excessivamente parecido com um Daft Punk (ou seria Justice) menos sintético. Outras como Clouds ficam o tempo todo no “quase”, dando ao disco certo ar preguiçoso. Embora saibam que caminho percorrer os britânicos parecem ainda distantes de produzir um álbum realmente bom, correndo o infeliz erro de serem conhecidos como uma “banda de um hit só”.

Native To (2011)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Egyptian Hip-Hop, Two Door Cinema Club e WU LYF
Ouça: The Greeks (!)

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.