Disco: “Nature EP”, Road To Joy

/ Por: Cleber Facchi 17/08/2011

Road To Joy
Brazilian/Indie/Folk
http://www.roadtojoy.com.br/

 

Por: Cleber Facchi

Impressa em versos otimistas e sons levemente ensolarados, Road to Joy foi a faixa escolhida por Conor Oberst para o fechamento de I’m Wide Awake, It’s Morning (2005), sexto álbum do cantor e compositor norte-americano através do Bright Eyes e inquestionavelmente sua obra-prima. A singela canção que beira os quatro minutos de duração passeia através de um ritmo sempre ascendente, culminando em um fecho em que violões se esbarram em teclados brandos e um naipe de metais que beira o festivo, algo que exatamente parece se repetir em Nature (2011, Popfuzz Records), primeiro EP do trio Gustavo Machado, Ítalo Nascimento e Sabrina Porto, que justamente atende pelo gracioso nome de Road To Joy.

Algum município de pequeno porte no interior dos Estados Unidos ou algum bairro aos arredores Estocolmo, estes parecem ser os lugares mais prováveis que o delicado EP de cinco faixas parece ter encontrado o solo, a temperatura, o clima e a música mais adequada para conseguir germinar e posteriormente sair da terra como um pequeno botão de alguma rara espécie de flor. Entretanto, engana-se quem pensa que o frágil álbum tenha florido em algum lugar tão remoto, afinal é do caloroso solo brasileiro, ou mais especificamente em áridas terras sergipanas que o disco encontrou todos os nutrientes necessários para seu satisfatório crescimento.

Não é preciso muito esforço para constatar quais sãos as referências que delimitam o trabalho do trio vindo da capital Aracaju. Wildflower, faixa de abertura do álbum expõe de maneira precisa quais são as influências do trio, que vai até os anos 60 se encontrar com Bob Dylan, assim como dialogar com Neil Young (algo que fica melhor esclarecido em Honeydew) para edificar as bases de todo o trabalho. Da década de 90 pintam claras referências ao rock alternativo, mesmo que uma instrumentação essencialmente acústica dite as regras do álbum. Surgem ainda claras passagens pela música folk dos anos 2000, que para além do já mencionado Conor Oberst traz alguns toques de The Shins, ou seria Kings Of Convenience?

Doce na medida certa, Nature EP se manifesta como um trabalho básico e indisposto de grandes novidades, porém, diferente de tantos outros, não se desenvolve como um grande plágio radiofônico, pelo contrário traz identidade em suas composições. Mesmo quando ecoam referências aos trabalhos de outros artistas tudo flui de maneira suave, com o trio reinterpretando suas influências e trilhando um novo caminho com elas.

 

Nature EP (2011, Popfuzz Records)

 

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Rosie and Me, Vanguart e Lulina
Ouça: The Other Side of The River

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.