Disco: “Never Trust A Happy Song”, Grouplove

/ Por: Cleber Facchi 08/09/2011

Grouplove
Indie Pop/Alternative/Indie
http://www.myspace.com/groupmusic

 

Por: Fernanda Blammer

Se as dores do coração se apoderam de você e a saudade faz refúgio em sua mente, então não há nada melhor do que o álbum Never Trust A Happy Song (2011, Atlantic) para exorcizar estes sentimentos. Irônico, sincero e doloroso em alguns momentos, o primeiro registro em estúdio da banda californiana Grouplove parece uma grande ode aos indivíduos de coração partido ou que se veem circundados por pequenas crises de pós-adolescentes, um trabalho que para além de lamentos chorosos e versos carregados de melancolia proporciona certa dose de otimismo e até esperança aos que por ele acabam transitando.

Acompanhados por uma aura semi-hippie e uma instrumentação ensolarada na melhor fluência californiana possível, Christian Zucconi (vocal e guitarras), Hannah Hooper (vocal e teclados), Andrew Wessen (guitarra), Ryan Rabin (bateria) e Sean Gadd (baixo) partem exatamente de onde pararam em 2010, quando apresentaram ao mundo seu empolgado e homônimo primeiro EP. Mesmo confundidos naquele momento com a crescente de artistas que reviviam a surf music, os elogios que acompanharam o grupo não foram poucos, algo que deve se repetir com a chegada de tão aguardado primeiro álbum.

Melhor direcionado que o pequeno registro anterior, Never Trust A Happy Song transita de forma descompromissada por diferentes gêneros ou segmentos musicais, encontrando desde referências nos sons da década de 1960 e 1970, até no que há de mais atual no mundo da música, mantendo de forma sempre constante a busca por um som festivo, em que mesmo os mais dolorosos versos se convertem em momentos de felicidade. Dinâmico e longe de promover um som demasiado complexo, o disco parece ser o trabalho exato aos que encontram certa dificuldade em transitar pelos proclamadores do novo rock.

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Com vocais entrelaçados em forma de dueto entre Christian Zucconi e Hannah Hooper, cada segundo dentro do festivo registro proclama um caráter de universalidade, como se cada uma das canções apresentadas no trabalho atacassem os ouvintes de distintas formas. Com uma instrumentação que mesmo limitada ou sem grandes momentos de virtuosismo musical consegue agradar, o álbum segue sem solavancos ou quedas até seus segundos finais, alimentando de forma talvez involuntária uma sensação de constante crescimento, como se aos poucos o disco ficasse maior, tanto em seus versos como em sua música.

Basta observarmos a construção das primeiras faixas, músicas como Tongue Tied e Lovely Cup, construídas em sua quase totalidade em cima de guitarradas enérgicas, teclados quase adocicados e um coro de vocais que nos motiva a cantar juntos sem que saibamos a letra das canções. Conforme o disco se desenvolve mais a sonoridade explosiva do grupo se desenvolve, resultando em canções que beiram o épico, como Cruel And Beautiful World, em que Zucconi deixa transbordar sem medo suas dores e seus lamentos, algo que se repete na canção seguinte, Close Your Eyes And Count To Ten, que fecha o disco em tom de pura festa e celebração.

Mesmo que concentre um apanhado de boas composições em sua abertura e em seu término, algumas faixas situadas no meio do registro tornam a apreciação do trabalho de certa forma desmotivadora. Betty’s Bomb Shell, por exemplo, demora um pouco para funcionar, o que pode tornar a audição das músicas seguintes um exercício desinteressante e quase cansativo. Em sua totalidade, porém, o álbum permanece coeso e detentor de um vasto número de composições extremamente pegajosas. Sem dúvidas, uma banda para voltarmos nossa atenção hoje e em um futuro próximo.

 

Never Trust A Happy Song (2011, Atlantic)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Givers, Young The Giant e Pete and the Pirates
Ouça: Close Your Eyes And Count To Ten

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.