Disco: “New Heaven”, 1,2,3

/ Por: Cleber Facchi 16/06/2011

1,2,3
Indie Pop/Alternative/Folk
http://www.myspace.com/1comma2comma3

 

Por: Cleber Facchi

Parecia uma ideia absurda a tomada pela banda norte-americana 1,2,3: deixar de lado todos os singles e pequenos hits que fizeram deles conhecidos ao longo dos últimos meses, para investir unicamente na criação de composições inéditas, todas instaladas no primeiro disco da banda denominado New Heaven (2011). A atitude digna de acabar com qualquer trabalho de um artista estreante (com poucas exceções) por incrível que pareça deu certo, resultando em um álbum tomado por canções pop repletas de vigor, falsetes, sintetizadores policromáticos e solos de guitarras suavizados.

Seguindo pela mesma escola musical inaugurada (ou redescoberta) por Michael Angelakos através do ensolarado Passion Pit, a dupla Nic Snyder (vocais, guitarra e teclados) e Josh Sickels  (bateria), que forma o 1,2,3 busca nas variadas tendências da música pop o ponto central para desenvolver seu trabalho. Sob uma roupagem tecnicamente comercial, o duo vindo de Pittsburgh, Pennsylvania coleciona sons que vão da soul music ao synthpop, do folk à eletrônica, conduzindo suas faixas de maneira festiva, levemente suja, mas sempre deliciosamente cantaroláveis.

Lançado através do selo Frenchkiss, hoje reduto do que há de mais belo na música norte-americana, como Local Natives, The Dodos, The Antlers além do fundamental Passion Pit, New Heaven se assemelha (e muito) com outra interessantíssima estreia: Torches (2011), dos californianos do Foster The People. Porém, enquanto o trio de Los Angeles cerca-se de sintetizadores e demonstra todas as suas preferências aos sons sintetizados, a dupla Snyder e Sickls prefere desenvolver suas composições com uma funcionalidade muito mais orgânica, e quase mística.

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Tomados por uma crescente instrumental que beira o épico, a dupla abre o álbum ao som de Work, trazendo uma carga de referências do indie rock da década de 90, pequenas orquestrações e permitindo que as guitarras e o vocal de Snyder passeiem livremente ao longo da faixa. A maneira entusiasmada com que a banda inaugura o disco é apenas uma mínima fração do que se desenvolverá na sequência, com o duo sempre transitando por terrenos distintos da música, algo revelado logo em Scared, But Not That Scared, dessa vez com o 1,2,3 lembrando (muito) os sons quase pueris do The Boy Least Likely To ou um I’m from Barcelona mais ponderado.

Embora a constante quebra de ritmos no desenvolvimento de New Heaven denote um aspecto de busca, como se a dupla norte-americana estivesse ao encontro de uma sonoridade para chamar de sua, a alternância constante de sons é o que embeleza ainda mais o simpático debut. Os sons amenos de Heat Lightnin’ (de alguma forma recordando Kings Of Convenience), logo dão lugar aos sintetizadores de Lonesome Boring Summer, que por sua vez são substituídos por um ritmo novamente orgânico em Confetti, brincando de forma amena com a audição dos ouvintes.

Quando os acordes pacatos de 20,000 Blades chegam ao fim, assim como o próprio álbum a sensação adquirida é a de que nos deparamos não com a estreia de alguma banda específica, mas sim uma coletânea de dez faixas com as melhores composições de uma dezena de bandas experientes. New Heaven pode até soar estranho em uma primeira audição em decorrência da constante quebra de tendências que ele proporciona, algo que logo vai se dissolvendo, sendo possível assim compreender toda a beleza e as nada complexas canções do trabalho.

New Heaven (2011)

Nota: 7.3
Para quem gosta de: Passion Pit, The Boy Least Likely To e Foster The People
Ouça: Work

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.