Disco: “New Misery”, Cullen Omori

/ Por: Cleber Facchi 31/03/2016

Artista: Cullen Omori
Gênero: Indie, Alternative, Indie Pop
Acesse: https://www.facebook.com/CullenOmoriMusic/

 

O encerramento das atividades do Smith Westerns, em 2014, não impediu que o ex-vocalista Cullen Omori desse sequência ao mesmo material apresentado um ano antes com o álbum Soft Will (2013). Em New Misery (2016, Sub Pop), primeiro registro em carreira solo do músico norte-americano, cada faixa se projeta uma clara extensão das melodias, versos carregados de romantismo e toda a atmosfera produzida pela extinta banda de Chicago desde o fim da década passada.

Produto do mesmo conjunto de ideias aprimoradas em 2011, durante o lançamento do ótimo Dye It Blonde, a presente obra de Omori parece flutuar entre o passado e o presente de forma essencialmente coesa. Basta voltar os ouvidos para a inaugural No Big Deal, uma típica canção do R.E.M. no final dos anos 1980, ou mesmo Sour Silk, composição que carrega um perfume de Glam Rock, mas que mantém firme a relação com grande parte da atual cena alternativa dos Estados Unidos.

Ainda que seja fácil lembrar de artistas Real Estate e até Mac DeMarco no decorrer do disco, difícil não perceber a similaridade do trabalho de Omori com o tímido Lysandre (2013), estreia solo de Christopher Owens e primeiro registro do musico logo após o fim do Girls. Assim como Owens, Omori tenta se encontrar musicalmente, brincando com composições que poderiam facilmente aparecer em qualquer disco do Smith Westerns (Synthetic Romance) e faixas de fato renovadas (Be a Man).

Curioso perceber no encontro entre essas “duas vertentes” a base para as principais composições que preenchem o disco. Escolhida para apresentar o trabalho, Cinnamon, apresentada ao público em janeiro deste ano, sintetiza com naturalidade o passado e presente de Omori. De um lado, vozes e guitarras que esbarram na curta discografia do Smith Westerns, no outro, versos sóbrios e sintetizadores que ocupam as pequenas lacunas deixadas pelo músico ao fundo da canção.

Já outras composições como Two Kind e Hey Girl transportam Omori para um território essencialmente romântico e sensível, quase isolado. Versos carregados de confissões melancólicas, como se o músico estivesse testando diferentes fórmulas ao longo do disco. Mesmo a estrutura dos arranjos assume uma formatação distinta, mergulhando em bases e ruídos abafados. A própria faixa-título do disco, apresentada ao final da obra, também confirma o flerte do músico com a psicodelia.

Sem exageros ou grandes surpresas, New Misery entrega justamente o que Cullen Omori havia “proposto” desde o lançamento de Cinnamon. Uma obra econômica, curiosa, como se o músico ainda estivesse em busca de um lugar próprio, porém, mantendo firme a relação com todo o material produzido desde a estreia da extinta banda. Um bem-sucedido registro de recomeço.

 

New Misery (2016, Sub Pop)

Nota: 7.3
Para quem gosta de: Mac DeMarco, Real Estate e Christopher Owens
Ouça: Cinnamon, Hey Girl e Synthetic Romance

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.