Disco: “No Color”, The Dodos

/ Por: Cleber Facchi 08/03/2011

The Dodos
Folk/Experimental/Indie
http://www.myspace.com/thedodos

Por: Cleber Facchi

Os anos de trabalho parecem ter amenizado a carreira da dupla The Dodos, carregando-os para dentro de uma sonoridade mais fácil e menos experimental, diferente do que era encontrado nos primeiros lançamentos de Meric Long e Logan Kroeber. Após o razoável Time To Die lançado em 2009, os parceiros marcam seu retorno de maneira muito mais explosiva com No Color (2011), quarto álbum da banda californiana e o mais ágil até aqui.

Responsável pelo uso do vibrafone no último trabalho do grupo, Keaton Snyder deixou o The Dodos ao término da anterior turnê, o que restabeleceu o formato de dupla ao projeto, tal qual como o duo começou a carreira em 2005. A ausência do musicista parece ter contribuído para a forma mais acelerada e crua atribuída às composições. Se em Beware of the Maniacs (2006) e Visiter (2008) o som proposto pela dupla vinha embarcado em acordes mais bem cuidados, embora carregando certa peculiaridade lo-fi, a ênfase neste novo disco está em soar simples.

Um ouvinte que há tempos acompanha o trabalho da dupla pode até sentir falta de pérolas sonoras como Walking ou Red and Purple, que mostravam a faceta do grupo tanto enérgica como pacata, mas sempre detalhista. Para o novo disco o próprio guitarrista/vocalista Meric Long já afirmou, que este se trata de um trabalho com foco nos anos 90, favorecendo rifes de guitarra, instrumentação suja e dinâmica, é claro, sem nunca desmerecer a formação acústica que sempre acompanhou a instrumentação do duo californiano.

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Ao contrário do que o título do novo disco ilustra há sim cores nesse trabalho. O primeiro a contribuir para essa colorização é o produtor John Askew, músico que trabalhou com a banda em seus dois primeiros (e melhores) discos. Para o Time To Die a dupla havia convocado Phil Ek, porém o bom resultado alcançado nos trabalhos de grupos como Band Of Horses, The Shins e Fleet Foxes parece não ter se repetido naquele álbum, o que contribuiu para o clima maçante que acompanhava todas as nove faixas.

O segundo elemento importante dentro desse novo álbum e que dá a sua contribuição em cores e sons é a sempre bem vinda Neko Case. Responsável por grandes clássicos do Alt. Country contemporâneo, a musicista preenche com sua voz um bom número de canções dentro do recente disco, seja através de backing vocal como em Sleep ou brilhando quase sozinha em When Will You Go Home, faixa que deve agradar aos que buscam por uma sonoridade semelhante a encontrada nos primeiros trabalhos do duo. A voz de Case causa um constante contraste com os vocais de Long e serve para acentuar os momentos mais “sujos” do trabalho.

Assim como nos demais discos da dupla a percussão de Logan Kroeber assume o controle de boa parte das faixas, intensificando os picos raivosos do parceiro guitarrista durante todo o trabalho. Observado de maneira atenta No Color parece funcionar como um complemento à Visiter. Se no álbum de 2008 as músicas fluíam de maneira calma e melancolicamente envolvente, com esse quarto disco a espontaneidade e um soar enérgico predomina. O The Dodos parece com alguma dessas duplas de Noise Pop que sempre surgem com algum disco barulhento e caótico, a diferença é que Long e Kroeber deixam a guitarra de lado e fazem quase o mesmo caos apenas com o som de um violão.

No Color (2011)

Nota: 8.1
Para quem gosta de: Departament Of Eagles, Neko Case e Grizzly Bear
Ouça: When Will You Go Home

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.