Disco: “No More Idols”, Chase & Status

/ Por: Cleber Facchi 28/01/2011

Chase & Status
Electronic/Dubstep/Drum and Bass
http://www.myspace.com/chaseandstatus

 

Se o rótulo dubstep te assusta por conta das composições complicadas, lentas e repletas de camadas ruidosas, então o segundo disco de estúdio do Chase & Status vai mudar suas considerações. Tudo bem que o álbum se desenvolve dando um foco muito maior ao Drum and Bass, Grime e Breakbeat, não se prendendo muito a mesma temática de James Blake, Burial e Mount Kimbie, mas os overdubs estão lá, discretos e quase inaudíveis, mas estão.

Antes de qualquer gênero externo No More Idols (2011) é um projeto de música eletrônica, repleto de boas participações e que mantém um pé bem fixo na Black Music. Sob os comandos da dupla de produtores Saul Milton e Will Kennard o disco é o sucessor de More Than Alot (2008), primeiro registro de estúdio do duo que vem desde 2002 se aventurando pelas pistas de Londres. Com esse segundo lançamento a dupla aumenta a intensidade das composições, gerando faixas que fundem rock com hip-hop resultando em batidas bem conduzidas.

Quem já ouviu o álbum London Zoo (2008) do produtor Kevin Martin A.K.A. The Bug vai perceber certas semelhanças. Porém, enquanto Martin aposta em um lado mais tribal das composições a dupla Chase & Status dá um caráter urbano ao álbum. O uso constante de samplers de guitarras, sirenes, batidas rápidas e secas, com o acréscimo de sons caóticos – só ouvir a faixa Hypest Hype com participação de Tempa T para entender – dão esse caráter de trilha sonora de uma metrópole ao disco.

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E é bem quando se perde nessas composições desordenadas e carregadas de peso que o álbum alcança seu melhor momento. A tríade “H” – Hypest Hype, Hitz e Heavy – traduzem toda essa desordem urbana do álbum. Rimas intensas aos comandos de Tinie Tempah, Dizzee Rascal e o já mencionado Tempa T dão um ar maduro e agressivo em maior escala a partir da metade do disco. Mesmo Cee Lo Green, que vem sempre destilando seus vocais de maneira suave chega carregado de agressividade em Brixton Briefcase. A faixa dá inclusive um tom de desespero ao álbum, quando o músico solta seus vocais carregados nos refrões da faixa.

Com Hocus Pocus o duo Milton e Kennard mostra o lado mais experimental do disco. O feito vem com uma composição quebrada e que ecoa a faceta dub/drum and bass do álbum, por meio de colagens climáticas e excêntricas. Flashing Lights traz de volta os vocais de Takura Tendayi, que na estreia da dupla em 2008 ocupou boa parte das vozes do álbum. A música vem para restabelecer a parte mais calma do disco, ocupando os produtores em preencher a faixa com texturas e diversas camadas de som.

A presença do trio White Lies em peso na faixa Embrace traz uma sonoridade que poderia ser incluída no novo álbum dos mesmos (Ritual) sem soar estranha. A voz grave de Harry McVeigh vem para dar uma amenizada e contribuir com o clima pacato que segue até o fim do álbum, feito que se intensifica com os vocais de Clare Maguire em Midnight Caller. Com End Credits o duo até engana com a abertura trabalhada em acordes de violão. Logo os vocais do conterrâneo Plan B chegam acompanhados de boas batidas eletrônicas, embora acabe dando um fechamento incoerente ao álbum. Porém, uma faixa não estraga a beleza de No More Idols.

 

No More Idols (2011)

 

Nota: 8.0
Para quem gosta de: The Bug, Burial e N.A.S.A.
Ouça: Hitz

 

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.