Disco: “No País da Skapolca”, Sobrado 112

/ Por: Cleber Facchi 13/04/2011

Sobrado 112
Brazilian/Jazz/Dub
http://www.myspace.com/sobrado112

Por: Cleber Facchi

O Sobrado 112 acaba de cometer o maior erro de toda a curta carreira da banda: considerar o poderoso No País da Skapolca (2011) um álbum de “lado b”. Todo instrumental, o terceiro disco de estúdio da banda carioca criada em 2007 é um verdadeiro delírio aos ouvidos (no melhor sentido da palavra), transitando por influências múltiplas, que vão do jazz de Miles Davis, ao rock psicodélico do Pink Floyd, até se aconchegar em terras brasileiras, soltando referências dignas de Chico Science a Nação Zumbi.

Em efêmeros 32 minutos, a banda formada por Victor Gottardi (guitarra), Leandro Joaquim (trompete e efeitos), Pedro Dantas (baixo), Cláudio Fantinato (percussão) e Mauricio Calmon (bateria e teclado) deixa que toda a sonoridade que toma conta dos dois primeiros álbuns do grupo – entre eles o divertido Isso Nunca Me Aconteceu Antes (2009) – atinja patamares poucas vezes explorados pelos cariocas. O resultado obtido nas sete composições que constroem o singelo disco abre espaço para que desde as reverberações, delays e abafamentos do dub como um magistral arranjo de sopros do Ska possam brilhar de forma madura e caprichada.

Lançado através do selo Oi Música, No País da Skapolca é uma conquista não apenas por sua instrumentação vigorosa, mas pela real vitória da banda em 2009 dentro do festival “Bota pra fazer música”. O triunfo naquele concurso trouxe ao quinteto a possibilidade não apenas de gravar em um estúdio profissional (no estúdio YB, em São Paulo), como também possibilitou que o trabalho fosse produzido por Buguinha Dub, que além de ter trabalhado com os Racionais MC’s e Mundo Livre S/A é técnico de som do Nação Zumbi em suas apresentações ao vivo.

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A presença do experiente produtor fica mais do que visível ao longo de todo o álbum, em que uma maior limpidez e o assertivo posicionamento dos instrumentos e camadas de som ao longo do registro culmina na total satisfação ao apreciar as faixas. Buguinha deu ainda ao grupo um ótimo remix da faixa Dub, surgida, segundo a banda, de uma Jam Sassion ao longo das gravações do novo trabalho.

Entre os claros destaques estão Maldição da Caveira e Skapolca Rocksteady. Na primeira, o quinteto cria um híbrido extasiante ao casar um bem aplicado corpo de guitarras levemente suingadas e psicodélicas, com uma sequência de interferências eletrônicas chapadas, além, é claro, de um tempero jazzístico (quase de improviso) favorecido pelo trompete, brincando de Fela Kuti e pelo baixo pontual. Já a segunda se movimenta pela pegada regueira e o clima descontraído. Destaque para o bem direcionado uso dos teclados assim como os pequenos entrecortes de dub.

Seja pelo “investimento” dado ao trabalho ou pela perceptível evolução no modo de fazer música do Sobrado 112, mas No País da Skapolca é de longe um dos trabalhos mais entusiasmados e coesos lançados em terras tupiniquins em 2011. A maneira com que a banda deixa seus acordes fluírem de maneira orgânica e sempre alegre faz com que o disco se converta em vício, bastando apenas uma única audição. O terceiro disco do quinteto carioca não tem nada de “lado b”, um trabalho de “lado a” com as melhores músicas do começo ao fim.

No País da Skapolca (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Fino Coletivo, Curumim e Lucas Santtana
Ouça: Maldição da Caveira

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.