Disco: “Nos Quintais do Mundo”, DJ Tudo

/ Por: Cleber Facchi 10/01/2011

DJ Tudo
Brazilian/Alternative/Electronic
http://www.myspace.com/nosquintaisdomundo

No meio de tanta produção alternativa, experimental, cult ou intelectualizada demais às vezes o que falta é uma boa dose de música regional, simplicidade e aquele som característico que só a música brasileira tem. Manejando com total experiência os tradicionalismos nacionais com toques quase imperceptíveis de música eletrônica Alfredo Bello, vulgo DJ Tudo vai atrás justamente desse som rítmico que só flui por essas terras. O resultado se encontra em Nos Quintais do Mundo (2010) em que as raízes brasileiras é que ditam o tom.

Profundo pesquisador cultural na área da música e dono do selo Mundo Melhor – especializado no lançamento de discos e trabalhos voltados para os gêneros regionais – Bello condensa seus quase vinte anos de experiência em seu segundo disco assinado pela alcunha de DJ Tudo. Precedido pelo álbum Garrafada (2008), em que a nuances de música regional eram acrescidas por toques de música eletrônica suave, o novo trabalho se fecha dentro de registros sonoros que transitam pelo maracatu, carimbó, samba, música indígena além de um sem número de outros sons provenientes das mais diversas regiões do país.

Tratar o som do disco como eletrônico talvez seja até desrespeitoso. O álbum flui em uma linguagem tão orgânica que é possível imaginar a banda na sua frente – nesse caso “Sua Gente de Todo Lugar”, como é denominado o grupo que acompanha o DJ em suas apresentações ao vivo – executando os mais variados instrumentos. Mesmo quando entram em cena as batidas, elas vêm da maneira mais natural possível, sempre construídas em meio a samplers gerados por uma instrumentação única e verdadeira.

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As faixas se traduzem em duas vertentes bem definidas. A primeira é a das canções mais abertas, em que se agrega o uso de vocais limpos e uma pluralidade eficiente de instrumentos e sons. Desse grupo vem as canções Malandrinho, Sou Massapé e a canção de abertura Baque Forte. Já o segundo grupo se compõe de canções mais herméticas, focadas no lado eletrônico do disco que remetem facilmente ao Downtempo, Drum ‘n’ Bass e ao Acid Jazz. A barquinha de Noé, Viagem à Tribo e Baião Antigo fazem parte desse grupo.

Cercando-se de gente por todos os lados o trabalho não pode ser unicamente creditado ao DJ Tudo. As faixas se organizam como uma extensa orquestra regionalista de onde pipocam os mais variados ritmos e composições. Alfredo Bello pode não ser caracterizado como original, já que não é o primeiro a explorar esse tipo de sonoridade (vide DJ Dolores ou os primeiros discos do Otto), mas assume o controle da situação com uma eficiência inquestionável. Afinal, para uma orquestra tão vasta como a responsável pelas inumeráveis camadas sonoras que compõem Nos Quintais do Mundo é preciso um maestro que atue com competência. E DJ Tudo faz isso, com competência que tem de sobra.

Nos Quintais do Mundo (2010)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: DJ Dolores, Otto e Maquinado
Ouça: Malandrinho

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.