Disco: “Nothing EP”, Zomby

/ Por: Cleber Facchi 03/12/2011

Zomby
British/Electronic/Dubstep
http://www.myspace.com/zombyproductions

Por: Fernanda Blammer

 

De todos os produtores musicais que tiveram seus trabalhos lançados em épocas anteriores, sem dúvidas o que contou com uma das tarefas mais ingratas ao longo de 2011 foi o britânico Zomby. Depois de apresentar o clássico Where Were U In ’92 em meados de 2008, estabelecendo uma viagem musical diretamente para a década de 1990 por meio das batidas abafadas do dubstep, o inglês teve a árdua tarefa de não apenas superar tão impactante registro, como de apresentar algo novo ao composto musical que havia gerado há pouco mais de três anos.

Embora seja o razoável Dedication o álbum escolhido para “superar” a gloriosa estreia do produtor em 2008, é com o recém lançado EP Nothing que Zomby parece de fato ter regressado à boa forma de quando com destaque se apresentou pela primeira vez. Menos óbvio que o último álbum (que estreou em julho deste ano), o rápido disco de sete faixas evidencia todas as boas exposições musicais do produtor inglês, que longe da explosão anfetaminada do primeiro disco e claramente afastado das redundâncias do segundo, parece ter finalmente encontrado um novo rumo para a música por ele apresentada.

Também orientado pelas batidas e pela intensidade do jogo de colagens que vão construindo as composições de suas anteriores obras, com o recente EP Zomby parte em busca de um som essencialmente sintético e menos focado pelo constante reaproveitamento de samples. Enquanto no primeiro álbum o produtor passeava por trechos do filme Blade Runner e até recortes do jogo Street Fighter, agora o britânico parece movimentar uma coleção de elementos mais “básicos”, garantindo novo sentido ao jogo de sirenes, ecos, beats e até mesmo alguns teclados bem definidos.

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Basicamente o trabalho acaba dividido em duas vertentes bem delimitadas. A primeira se orienta em cima de canções marcadas por uma densidade assertiva, algo que a fluidez suave de Labyrinth e os loopings assimétricos de It Was All a Dream traduzem com total distinção e originalidade. Por mais que alguns traços presentes nas faixas transpareçam a imagem clara do produtor – determinadas músicas parecem até versões menos intensas de faixas do primeiro disco -, o fluxo quase suavizado dessas músicas garantem ao inglês um novo leque de possibilidades, sendo um caminho mais do que seguro caso seja escolhido nos próximos trabalhos do artista.

Já o outro grupo de composições se relaciona diretamente com as velhas fórmulas musicais anunciadas por Zomby. A natureza ascendente de Equinox, por exemplo, parece partilhar das mesmas sensações repassadas ao longo de Where Were U In ’92 tornando questionável se não seria a faixa uma dissidente sobra do elogiado registro. O toque pulsante do produtor se revela ainda em outras duas faixas, Ecstasy Versions e Trapdoor, sendo a primeira uma espécie de meio termo entre a estreia e o segundo disco do britânico.

Flutuando nesse meio termo – entre a intensidade e a leveza – Zomby transforma Nothing EP em uma espécie de “pedido de desculpas” ou simplesmente acaba convertendo o pequeno disco em uma forma de anúncio, uma prova de que ele ainda é um hábil conhecedor naquilo que promove. Talvez o único erro do álbum seja justamente o nome que ele apresenta, “Nothing” (“nada”), afinal, em pouco mais de 20 minutos o inglês consegue apresentar tanta coisa, que torna-se desmerecedor nomear o disco simplesmente como “nada”.

Nothing EP (2011, 4AD)

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Sepalcure, Rustie e Burial
Ouça: It Was All a Dream

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.