Disco: “O Tempo Soa”, Qinho

/ Por: Cleber Facchi 07/05/2012

Qinho
Brazilian/Indie/MPB
http://qinho.tnb.art.br/

Por: Fernanda Blammer

 

Costuma-se falar sobre a Nova MPB como algo exuberante, marcado pela experimentação e a quebra constante dos padrões musicais. Entretanto, basta um passeio pela produção nacional da última década para perceber que muito do que se relaciona com essa nova vertente da música popular brasileira se adorna de elementos devera simples, quase tradicionais, mas ainda assim marcados pela criatividade. É o caso do carioca Qinho, que ao lançar o mais novo registro em carreira solo faz nascer um disco marcado por elementos típicos da velha MPB, acrescendo doses comportadas de inovação e se dividindo entre o pop e o indie.

Colando rock, samba, eletrônica, pop e elementos da cena alternativa em um único composto musical, o artista faz nascer O Tempo Soa (2012, Bolacha Discos), um trabalho que flutua fácil pelos ouvidos, pendendo ora para o despojo das criações de Rubinho Jacobina, ora para a pluralidade musical de Kassin. Ameno, mas empolgante, o trabalho se abre em acordes marcados pelo aspecto radiante, descendo sequências de guitarras suingadas com vozes agradáveis e letras fáceis.

Quebrando o aspecto “cabeça” de alguns trabalhos que circulam pelo terreno nacional, o álbum se desmancha em criações agradáveis, convertendo bases de samba-rock em um caminho acessível para as 10 ricas composições que se montam no interior da obra. Herdeiro não óbvio das referências deixadas pelo Los Hermanos na década passada, Qinho não perde tempo em promover um trabalho melódico, vendável e capaz de agradar tanto sisudos ouvintes da velha música nacional, como novos desbravadores da cena brasileira.

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Cercado por uma banda competente – composta por Bernardo Palmeira (bateria), Pedro Dantas (baixo), Leandro Joaquim (trompete), Fabio Lima (guitarra) e Ricardo Rito (teclado) –, o cantor prepara o terreno para que faixas como Bandeiras Rasgadas, Macia Bahia e Morena se desenvolvam com competência e beleza, fisgando fácil o espectador. Dentro desse padrão de criações marcadas pelo despojo, o álbum acaba soando como uma extensão menos humorada do que o Do Amor promoveu em 2010 com o lançamento do primeiro disco, gerando uma mistura de sons diversos, sempre conduzidos pela linguagem quente e repleta de ginga.

Mais do que um conjunto de faixas abertas aos distintos públicos, O Tempo Soa é também um álbum aberto às participações. Ao longo dos 32 minutos de duração do disco não apenas a voz de Qinho transita forte pelo trabalho, como também os vocais de um pequeno conjunto de grandes vozes da nossa música. De Elba Ramalho, passando por Mart`nalia, Botika e Amora Pêra, o álbum se engrandece visivelmente por conta das competentes colaborações, rompendo com qualquer possível morosidade que pudesse se instalar no interior do disco.

Feito para tocar em trilha de novela, mas sem que para isso precise soar fácil ou redundante, o trabalho demonstra toda a competência de Qinho, músico que já vem de uma longa caminhada pela cena carioca e que deve por meio do presente lançamento angariar mais alguns holofotes e seguidores para si.

O Tempo Soa (2012, Bolacha Discos)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Rubinho Jacobina, Kassin e Do Amor
Ouça: Morena

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.