Disco: “Onça EP”, Tereza

/ Por: Cleber Facchi 28/09/2011

Tereza
Brazilian/Indie Rock/Alternative
http://www.atereza.com/

 

Por: Cleber Facchi

Provavelmente o grande problema de boa parte das bandas tupiniquins que se arriscam ao lançar seus primeiros álbuns, EPs ou mínimos singles, acabe relacionado ao fato de que há pouca inventividade em suas produções. Permanece apenas a constante necessidade em sugar ao máximo as referências do que ecoam lá fora, sem acrescentar nada de realmente novo ao seu próprio trabalho. Guitarras toscamente enquadradas no padrão musical britânico, letras vergonhosamente construídas em inglês, constantes tentativas de plagiar os grande expoentes do indie rock da década passada e uma constante sobra de mais do mesmo capaz de causar sono aos ouvintes. Estranho perceber que isso passa longe do primeiro EP da banda carioca Tereza.

Montada em idos de 2009 por cinco amigos que um dia já foram apaixonados por uma mesma garota – vem daí o nome da banda -, o grupo veio aos poucos preparando o terreno até sua “estreia” definitiva. Entre apresentações em algumas das mais badaladas casas de shows do Rio de Janeiro e até um show ao lado dos norte-americanos do The Walkmen em sua passagem pelo Brasil, o quinteto formado por Mateus Sanches, João Volpi, Sávio Azambuja, Rodrigo Martins e Vinícius Louzada faz de seu recente lançamento um trabalho que ultrapassa os clichês, vem cercado de intensidade e traz em seus versos em bom português, uma possibilidade de explorar novas temáticas.

Dotado de apenas três faixas – o single A Cidade Pega Fogo poderia muito bem estar inserido ali – o pequeno álbum tem seus pouco mais de 11 minutos desenvolvidos com afinco, com o quinteto elevando suas guitarras e seus versos a um nível de puro êxtase através de sua musicalidade sempre crescente e entusiasmada. Capazes de dialogar com o que há de mais novo na produção musical contemporânea, porém longe dos excessos dos redundantes grupos moderninhos, a banda faz com que sua trinca de composições cheguem carregadas de urgência, músicas feitas para serem cantadas aos berros, algo que deve se intensificar ainda mais em suas apresentações ao vivo.

Cada uma das três canções surgem revelando uma sonoridade bem peculiar. Enquanto Siris pende de alguma forma para os anos 80 com sua ritmo levemente dançante, Selvagens chega cercada por uma energia que esbanja o rock norte-americano dos anos 2000, ganhando através de seus teclados coloridos um toque de indie pop que acba lembrando um Of Montreal menos excêntrico ou talvez um Modest Mouse mais límpido. A melhor composição, entretanto, é Arariboia, faixa que converge versos e uma sonoridade carregada por uma melodia festiva, repleta de entusiasmo e que traduz com perfeição toda a energia repassada através do grupo carioca.

 

Onça EP (2011, Independente)

 

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Volantes, Sabonetes e
Ouça: Arariboia

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.