Disco: “One Thousand Pictures”, Pete and The Pirates

/ Por: Cleber Facchi 24/05/2011

Pete and The Pirates
British/Indie Pop/Alternative
http://www.myspace.com/peteandthepirates

Por: Fernanda Blammer

 

Assim como o Noah and The Whale, Fanfarlo, Foals e Everything Everything, o quinteto Pete and The Pirates é uma dessas bandas que escapam do repetitivo cenário britânico, sempre guiado por uma instrumentação com foco no post-punk dos anos 80 ou nos clichês deixados pelo britpop na década de 1990. Apoiados em uma sonoridade que, embora preze pelo rock, se preenche com uma camada diferenciada de sons, a banda criada em 2006 na cidade de Reading acaba de soltar seu segundo disco de estúdio, mostrando que ainda há muito com o que trabalhar e criar nas terras da rainha.

Embora distantes do mesmo patamar de grandes artistas como Arctic Monkeys, The Kooks, Miles Kane ou White Lies, a atuação do grupo formado por Thomas Sanders, Pete Hefferan, David Thorpe, Pete Cattermoul e Jonny Sanders soa tão relevante quanto, encontrando no uso de uma instrumentação variada o elemento de centro de seus trabalhos. Enquanto a maioria das bandas que escapam do território inglês chegam tomadas por um som padronizado, manipulando acordes de forma rápida e simplista, os piratas seguem por uma outra temática, mobilizando um som grandioso, pequenas doses de uma percussão criativa e uma série de artifícios que tornam o trabalho da banda diferente.

Se em Little Death (2008) o quinteto já entregava toda sua excelência, construindo um trabalho que encontra na pluralidade do indie pop sua beleza e maturidade, com o novo One Thousand Pictures (2011) a banda dá um passo à frente em suas produções, desenvolvendo um disco que mesmo recheado por artifícios cuidadosos, uma instrumental adulto e letras que esbanjam a criatividade de seus autores, ainda consegue manter o mesmo espírito jovial de seus integrantes. Dessa forma temos um disco ao mesmo tempo grandioso e despojado, derrubando o que poderia ser um álbum excessivamente cerebral.

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Assim como no primeiro disco, o grande acerto dos britânicos está inserido em suas melodias. A condução graciosa, passeando pelo calmo, o melancólico, o enérgico e o radiante é o que movimenta em intensidade o trabalho, sendo os detalhes os elementos fundamentais do registro. A maestria da banda vem escondida tanto na suavidade das guitarras (Can’t Fish), como no aplicado uso da bateria (Little Gun), além, é claro, dos inúmeros efeitos que acabam por dar vida às belas Winter 1, tomada por um ritmo dançante e preenchida por boas doses de teclados, como em Come Te The Bar, uma das composições mais completas do trabalho.Porém, muito mais do que responsáveis por um som variado e detalhista, um dos grandes acertos (e talvez o maior deles) dentro do novo LP do Pete and The Pirates está na maneira como a banda expõe seu lado mais intenso e de fato voltado ao rock. Em Blood Gets Thin, soando como um Franz Ferdinand do álbum You Could Have It So Much Better (2005), a banda manda para cima do ouvinte uma rajada de sons de pura vivacidade, acordes nada compactos e um leve convite à dança. O mesmo vale para Things That Go Bump e Reprise, com a banda unindo a instrumentação de múltiplas décadas dentro de uma fórmula única.

A banda acerta até quando resolve explorar os mesmos clichês de determinados grupos do panorama britânico, experimentando um som voltado ao post-punk e ao britpop. Enquanto em Shotgun o quinteto se entrega aos anos 80 (trazendo um clima levemente voltado ao Dream Pop), em Things That Go Bump a banda ruma para a década seguinte, sempre distribuindo acordes certeiros e uma funcionalidade que apenas reforça a habilidade que Pete e seus piratas como os grande músicos que de fato são.

One Thousand Pictures (2011)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Franz Ferdinand, Fanfarlo e
Ouça: Little Gun

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.