Disco: “Only In Dreams”, Dum Dum Girls

/ Por: Cleber Facchi 11/08/2011

Dum Dum Girls
Noise Pop/Lo-Fi/Female Vocalists
http://wearedumdumgirls.com/

 

Por: Fernanda Blammer

Não seria de se estranhar que logo após o lançamento do elogiado I Will Be (2010), as californianas do Dum Dum Girls retornassem com um trabalho redundante ou que não fosse capaz de superar as mesmas boas composições lançadas em sua estreia. A expectativa ficaria ainda menor quando o quarteto soltou em meados de fevereiro seu segundo EP, He Gets Me High, trabalho em que pareciam gastar seus últimos momentos de criatividade em um pequeno agrupado de canções que incluíam até um inusitado, porém excelente cover de There Is A Light That Never Goes Out do The Smiths.

Contudo, a partir do lançamento da quase épica Coming Down (perto das demais composições da banda a faixa é gigante) há algumas semanas, toda a expectativa que parecia baixa em relação ao lançamento de Only In Dreams (2011, Sub Pop) voltou a se intensificar. Em mais de seis minutos o quarteto formado por Dee-Dee (vocal e guitarra), Jules (guitarra e vocal), Bambi (baixo e vocal) e Sandy (bateria e vocal) passeia por uma sonoridade suja, uma letra dolorosa e uma construção instrumental que mesmo renovada ainda remete ao primeiro trabalho da banda, elevando todas as esperanças em relação a um segundo bom disco do grupo de Los Angeles.

Mesmo que o álbum não siga pela mesma sonoridade sombria que é apresentada em seu primeiro single, não há como contestar a boa condução do atual trabalho do DDG. Por mais que o cenário alternativo já esteja saturado de bandas que mesclam o surf-rock da década de 60 com influências do rock de garagem, a sonoridade proposta pelo quarteto feminino chega de forma tecnicamente renovada, ou pelo menos longe de atravessar composições sonolentas que investem demais em experimentações sujas e pouco comerciais.

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Assim como em seu primeiro álbum, ao longo de Only Dreams o grupo busca constantemente por canções que colem facilmente nos ouvidos, tanto por sua instrumentação, quanto pelos pegajosos versos que acompanham tais canções. Enquanto Always Looking, faixa de abertura expressa essa busca apenas em sua sonoridade, trançando guitarras estrondosas com uma batida esparsa, em Bedroom Eyes o encontre entre versos amorosos e levemente sofridos com uma sonoridade dançante que remete claramente ao rock dos anos 60 transformam a composição em uma das faixas mais empolgadas e belas do disco.

Diferente de outros grupos como Vivian Girls, que ao lançarem seu segundo trabalho em estúdio partiram para a busca de novas sonoridades e algumas distintas experimentações, com o Dum Dum Girls a procura da banda está em rever sua própria sonoridade. Cada uma das 10 composições presentes no atual disco estão visivelmente relacionadas ao que fora apresentado em I Will Be, com a diferença de um acerto maior nas guitarras, além da busca por um som mais polido e menos garageiro, aproximando o quarteto de forma definitiva de uma tonalidade pop e obviamente comercial.

Da mesma forma que no debut das californianas, Only In Dreams proporciona ao público um verdadeiro catálogo de hits, um agrupado de composições em que pelo menos duas (ou mais) canções vão involuntariamente acabar pescando o ouvinte. Seja Caught in One ou a sofrida Bedroom Eyes, a vintage Hold Your Hand ou a grandiosa Coming Down, de uma maneira ou outra o recente trabalho do Dum Dum Girl será capaz de agradar o ouvinte, mesmo aqueles que já estejam saturado de tantas composições fundamentadas em uma sonoridade litorânea.

Only In Dreams (2011, Sub Pop)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Vivian Girls, Best Coast e
Ouça: Caught in One e Coming Down

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.