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Críticas

Shout Out Louds

: "Optica"

Ano: 2013

Selo: Marge Records

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: The Smiths e Those Dancing Days

Ouça: Illusions

7.0
7.0

Disco: “Optica”, Shout Out Louds

Ano: 2013

Selo: Marge Records

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: The Smiths e Those Dancing Days

Ouça: Illusions

/ Por: Cleber Facchi 25/02/2013

A busca por melodias acessíveis, letras dolorosas carregadas pelo encanto e toda uma qualidade instrumental que ultrapassa o comum, sempre foram marcas expressivas no trabalho do Shout Out Louds. Contrariando o rock acelerado que se instalava na bem sucedida estreia Howl Howl Gaff Gaff (2005), o quinteto sueco alcança o quarto registro em estúdio reforçando a aproximação com os sons delicados de Our Ill Wills (2007), segundo trabalho do grupo e a melhor obra produzida pela banda até agora. Sob o título de Optica (2013, Marge), o quarto álbum finaliza o esboço iniciado em Work (2010), restabelecendo uma série de pequenas referências voltadas ao trabalho da banda – marcas particulares ou mesmo herdadas de outros projetos.

Distantes da simplicidade que tomou conta do último disco – um registro de contradições, vide a produção limitadora do (quase) sempre assertivo Phil Ek -, a banda acerta a relação com os pianos, percussão, sintetizadores e todos os elementos que engrandecem a obra do SOL desde os primeiros lançamentos. São 12 faixas conduzidas de forma cuidadosa, aproveitando cada realce instrumental como um complemento sonoro que lentamente recheia o álbum com primazia. Não há o mesmo fascínio pelo Baroque Pop que abasteceu Our Ill Wills, entretanto, diversas referências que abasteceram Impossible, You Are Dreaming e outros grandes inventos do grupo ainda estão presentes.

A diferença está na maneira comercial como a banda sintetiza diversos elementos instrumentais do passado de forma “pop”, um atrativo claro aos novos públicos e ao mesmo tempo que uma retomada dos sons que construíram o primeiro álbum. Orientado da primeira à última faixa em um embate constante entre guitarras e sintetizadores, o trabalho se divide em instantes de calmaria que se complementam com explosões melancólicas, característica próxima da que marcou o segundo álbum, porém, dentro de uma associação mais límpida, como se o trabalho captasse os raros instantes de acerto do disco passado.

Fascinados pelo trabalho de Morrissey e nitidamente influenciados por toda a discografia do The Smiths, ao alcançar o quarto álbum a banda amplia ainda mais essa relação instrumental e lírica com a obra dos ingleses. Com um cuidado maior nas letras e apoiados na melancolia de jovens adultos, Optica se relaciona de forma curiosa com a sonoridade firmada em Strangeways, Here We Come (1987) do quarteto britânico. Basta um passeio pelo bloco de composições iniciais para perceber um doce amadurecimento das melodias, resultado expresso nos teclados de Bebban Stenborg, que abandonam o caráter de complemento para direcionar parte substancial do que decide os rumos da obra.

Ainda que desprovido do mesmo ineditismo sonoro de outrora, a banda acerta por valorizar constantemente o uso dos vocais – marca pouco expressiva no universo cinza de Work. Delicada, pop e ainda assim inventiva, Illusions talvez seja o melhor exemplar de toda a força que os vocais exercem no disco. Essencialmente radiofônica, a canção passeia por elementos distintos de cada um dos registros do grupo, finalizando com uma cobertura extra que se relaciona diretamente com a atual fase dos suecos. Já em Hermila, os mesmos vocais surgem como um complemento para o rock eletrônico da canção, facilmente a música mais distinta de toda a história do grupo.

Para quem acompanha o Shout Out Louds desde o primeiro disco, Optica talvez seja um trabalho sem grandes surpresas ou possíveis transformações. Apenas Chasing The Sinking Sun e Hermila rompem com a proposta dos anteriores lançamentos, apresentando o grupo às pistas e ao synthpop, marca que pode vir a ser aprimorada em breve. Mesmo que falte ao quinteto o brilho e as confissões impressas em Our Ill Wills, não há como discordar que o novo álbum consegue deixar para trás os mesmos erros que mergulharam o grupo no cenário sombrio e pouco inventivo de Work, proposta que a banda substitui com base em uma soma cuidadosa de sons e vozes bem explorados.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.