Disco: “Original Colours”, High Places

/ Por: Cleber Facchi 28/09/2011

High Places
Experimental/Ambient/Indie
http://www.myspace.com/hellohighplaces

 

Por: Fernanda Blammer

Não seria inesperado que após o lançamento do bizarro e adocicado primeiro disco do High Places, o casal Rob Barber e Mary Pearson encontrasse certa dificuldade ao apresentar seus posteriores lançamentos. O brilhante cruzamento entre música psicodélica, folk, rock, eletrônica e incontáveis outros experimentos musicais garantiram ao duo nova-iorquino amplo destaque através dos meios de comunicação voltados para as produções independentes, posicionando a dupla como uma das grandes apostas para os próximos anos. Entretanto, a mesma boa recepção ao trabalho da banda já não se faria visível logo no apresentar do lançamento seguinte.

Assim que lançado, High Places vs. Mankind – segundo trabalho da dupla norte-americana – deixou mais do que claro que as gloriosas experimentações da banda pareciam dotadas de certo limite. A sonoridade amena, repleta de pequenas doses de uma psicodelia minimalista ainda estavam por lá, funcionando dentro de uma linguagem muito similar ao que o duo já havia testado dois anos antes, o que dividiu opiniões em relação ao trabalho da banda, afinal, mesmo pouco inventivo o registro conseguia cativar o ouvinte, embalando-o através de suas suaves e viajadas reverberações.

Provavelmente o disco que melhor defina se o trabalho realizado pelo High Places é de fato bom – e mereça os elogios que vem conquistando ao longo dos últimos anos – seja o terceiro e mais recente álbum da dupla, Original Colours. Mesmo dotado da mesma instrumentação que circundou a estreia do casal em 2008, o álbum de 10 faixas apresenta uma sonoridade totalmente diferenciada, muito mais próxima dos ritmos eletrônicos, bem como inserida em uma condução inteiramente atmosférica e suave, como se o disco inteiro estivesse flutuando em algum plano etéreo que não o nosso.

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Contrário aos dois primeiros trabalhos da banda, principalmente em relação ao primeiro, em seu novo projeto a dupla deixa de lado qualquer sonoridade que os aproxime do som levemente bucólico como aquele que delimitava suas iniciais composições. O ampliado uso de programações eletrônicas bem como a inserção de sobreposições sonoras, camadas e texturas acabam transformando o álbum em um grande condensado de inúmeras tendências, mantendo como sua principal característica o reducionismo e a constante busca por um som puramente ambiental.

Ao mesmo tempo em que segue carregado de experimentações múltiplas, talvez seja possível observar Original Colours como o trabalho mais comercial que o High Places lançou até o momento. Belo exemplo disso se encontra através de faixas como Sonora, em que para além dos delicados encaixes musicais da composições – que incluem uma guitarra levemente suingada e pequenos ruídos cativantes – surge a letra fácil entoada por Pearson, que rapidamente faz morada nos ouvidos do espectador. O mesmo se repete em Year Off, uma espécie de synthpop às avessas ou ainda Banksia com seu ritmo dançante e excêntrico.

Acima de tudo, a grande diferença de Original Colours para os anteriores trabalhos da banda está na maneira como as faixas soam grandiosas em suas estruturas. Mesmo que o minimalismo e a busca por um som projetado de forma delicada e lânguida ainda prevaleça, em relação as trabalhos anteriores o recente disco soa grandioso, dono de uma musicalidade volumosa, melhor desenvolvida e que obviamente responde a pergunta acima levantada: sim, o High Places é mais do que digno de todos os elogios que tem recebido.

 

Original Colours (2011, Thrill Jockey Records)

 

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Braids, Julianna Barwick e Ponytail
Ouça: Sonora

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.