Disco: “Oshin”, DIIV

/ Por: Cleber Facchi 19/06/2012

DIIV
Indie/Lo-fi/Garage Rock
https://www.facebook.com/diivnyc

Por: Cleber Facchi
Foto: Dominik Halas 

Zachary Cole Smith sempre foi uma figura de atuação mediana dentro do Beach Fossils. Embora principal responsável por dar vida e sonorização às canções lançadas pelo grupo nova-iorquino nestes últimos anos, o músico sempre pareceu distante, como se de alguma forma estivesse reservando uma surpresa para os ouvintes ou ainda guardasse o verdadeiro ouro de suas composições. E ele estava. À frente de um novo projeto, o DIIV (lê-se Dive), o guitarrista e vocalista mostra de fato a que veio, expandindo os horizontes musicais e alcançando a boa forma que até então insistia em ocultar.

Embora mantenha as mesmas inspirações e referências que o ajudaram a construir um álbum e um EP com sua primeira banda, em nova fase o músico e os parceiros Andrew Bailey (guitarra), Devin Ruben Perez (baixo) e Colby Hewitt (bateria) parecem incorporar todo um novo mapa de possibilidades e inspirações. Dono de uma sonoridade menos hermética, Smith se deixa envolver pelo garage rock, dialoga com a recente cena praiana que ocupa boa parte do panorama norte-americano até incorporar doses indiscretas de um pop sujo e nostálgico que bem define todos os limites do primeiro disco do novo quarteto nova-iorquino, Oshin (2012, Captured Tracks).

Seguindo por uma via menos “ensolarada” e distante de qualquer realce psicodélico testado pelo Real Estate no álbum Days, o grupo parece conversar de forma particular com o que fora alcançado nos momentos mais radiofônicos do último disco do grupo de New Jersey, algo que o hit It’s Real e a enorme All The Same traduzem com guitarras reluzentes e bem empregadas. Mais do que isso, os nova-iorquinos parecem partidários das mesmas necessidades da banda, incluindo criações que se ausentam totalmente dos vocais (Air Conditioning) e outras que se deixam afundar em uma vertente mais climática e levemente experimental (Earthboy).

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Como se Bradford Cox se apresentasse de frente para o mar, nos poucos momentos em que o quarteto e principalmente as guitarras de Smith se deixam conduzir por um som atmosférico temos o grande acerto da obra. Tanto Wait como Sometime brincam com novo shoegaze imposto pelo Deerhunter de forma particular, utilizando de guitarras que se sobrepõe sem exageros, batidas tomadas pelo eco e vocais que parece se ocultar ao fundo das canções, tudo de forma sempre versátil e levemente próximo de um clima dançante, tendência que deve agradar tanto aos ouvidos mais exigentes como quem busca apenas por um som leve e despretensioso.

Mesmo que o grupo brinque a todo o momento com a criação de um registro conceitual e deveras adulto, não são poucos os momentos em que os nova-iorquinos deixam mais do que claro o quanto o interesse deles está voltado à “música pop”. Se valendo das mesmas melodias que Smith Westerns e The Pains Of Baing Pure At Heart promoveram em seus últimos lançamentos, a banda usa da instrumentação Lo-Fi como um mecanismo de sustentação para que versos mais encorpados e letras fáceis se aconcheguem no interior do disco. Dessa forma, não raro são os momentos em que canções vendáveis como How Long Have You Known? e Human possam ser identificadas, músicas que devem abrir as portas para que toda uma nova leva de atentos ouvintes se deixe guiar pela instrumentação cativante do grupo.

Ao que tudo indica, pelo menos por enquanto Smith deve se revezar entre o Beach Fossils e a nova banda, entretanto, não é preciso muito esforço para perceber onde reside o verdadeiro acerto do músico. DIIV, assim como um reduzido número de grupos, é uma banda que já nasceu com os dois pés bem firmes e seguros no chão, ou melhor, na areia da praia. A maturidade que se mescla com a jovialidade instrumental do grupo acaba por resultar em uma mistura quase perfeita, resultado que deve ser aprimorado e provavelmente resultará em uma sequência de novos e ainda mais surpreendentes trabalhos. É hora de (mais uma vez) passar o protetor e correr para o mar.

Oshin (2012, Captured Tracks)

Nota: 8.2
Para quem gosta de: Beach Fossils, Real Estate e Eternal Summers
Ouça: How Long Have You Known?, Human e Sometime

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.