Disco: “Other Worlds”, Taken By Trees

/ Por: Cleber Facchi 13/09/2012

Taken By Tress
Swedish/Indie/Dub
https://www.facebook.com/takenbytrees

Por: Fernanda Blammer

Desde os tempos como vocalista da banda sueca The Concretes que Victoria Bergsman tem se esquivado de um som próximo ou que se mantenha imerso no conforto tradicional da música pop. Ironicamente o que tornou a cantora e compositora mundialmente conhecida não foi a produção de um som experimental ou menos favorável aos entalhes radiofônicos, mas a completa associação com um composto de alcance comercial e capaz de dialogar com o grande público. Afinal, o que é o hit Young Folks, que traz a colaboração da cantora ao lado do trio Peter Bjorn and John, se não um bem sucedido composto pop?

Talvez por conta dessa necessidade de soar próxima de um público maior, que desde o lançamento do último trabalho à frente do Taken By Trees (banda criada em 2006 após o desligamento do The Concretes) Bergsman tem relevado um conjunto de criações mais leves, por vezes açucaradas e até mesmo incrementadas por uma doce camada de música pop. Resultado mais recente dessa nova associação está em Other Worlds (2012, Secretly Canadian), terceiro registro em estúdio do projeto que ajudou a criar há seis anos e provavelmente a obra mais bem resolvida da cantora até aqui.

Visivelmente apoiado em cima de claros referenciais radiofônicos – como letras de fácil assimilação e melodias atrativas -, o novo disco se manifesta de forma assertiva não por apresentar uma artista que se entrega totalmente a esse tipo de sonoridade, mas por saber como dosar criações entre o experimental e o acessível. Brincando com a eletrônica, ritmos jamaicanos e com o Dream Pop com leveza e sabedoria, a artista faz de cada composição uma espécie de afago, emulando vozes doces (e essencialmente suaves) que em curtos segundos prendem a atenção do espectador. Longe dos assobios que a tornaram conhecida, a cantora perverte o pop à sua maneira, transformando o que antes era grandioso em algo delicado.

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Da mesma forma que East of Eden (2009) mantinha uma proposta regional e um conceito lógico em sua estrutura – vide a intensa relação com músicos de apoio paquistaneses e o clima étnico que permeia toda a construção do registro -, com o novo álbum Bergsman incorpora a mesma proposta instrumental, agora provando de outra vertente: a litorânea. Temperado pelo sal do mar e a brisa doce que circula no final de tarde, o disco arrasta com calmaria a sueca para um resultado ainda mais atrativo do que o testado há três anos, como se Victoria passasse uma camada extra de protetor solar ao dream pop místico por ela elaborado.

Entregue de forma intencional ao Reggae (Only You) e ao Dub (I Want You e Indigo Dub), a artista, a banda que a acompanha e o produtor DaHenning Fürst encontram um novo significado às bases amenas propostas em 2007, quando Open Field o primeiro disco do Taken By Trees foi apresentado. Flutuando dentro de uma linha de tempo própria, o disco exige em alguma medida que o espectador se entregue por completo para a audição do trabalho, afinal, diferente dos projetos anteriores o novo registro parece fluir como uma obra fechada, como se cada composição fornecesse subsídios e uma abertura necessária para o que será explorado na canção seguinte.

Encantadora, a artista desfila por entre criações que descrevem mundos imaginários (In Other Words), versos tomados pelo romantismo (Only You) e até exaltações ao claro teor litorâneo que deságua ao longo do disco (Pacific Blue). Tudo com um único intuito: surpreender o ouvinte. Por mais que a simplicidade defina a execução do trabalho, os detalhes que crescem ao longo do disco (como chocalhos, cantos sutis e mínimos encaixes instrumentais) tornam a delicada obra ainda mais ampla. Brincando com o pop de forma particular, Bergsman no arrasta para um terreno em que o onírico e o tropical se encontram, resultando em uma mistura que nos faz questionar o tempo todo se estamos presos ao mundo real ou ainda flutuando no sublime universo criado pela artista.

Taken By Trees

Other Worlds (2012, Secretly Canadian)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: El perro Del Mar, Beach House e Twin Sister
Ouça: Dreams, I Want You e Large

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.