Disco: “Pacific Standard Time”, Poolside

/ Por: Cleber Facchi 17/07/2012

Poolside
Electronic/Dance/Indie
https://www.facebook.com/poolsidemusic

Por: Cleber Facchi

Em 2009 o verão tomou conta da música eletrônica, afinal, Psychic Chasms do Neon Indian, Causers Of This do Toro Y Moi, o EP Life of Leisure do Washed Out e uma sucessão de outros registros nasceram justamente pela onda empoeirada de influências calorosas que posteriormente acabaram definidos como parte do “movimento” Chillwave. Trabalhos que encontraram no mar de particularidades da década de 1980 uma soma de “novos” sabores, experiências e sons que pareciam arrastar o ouvinte para dentro de uma piscina ou um final de tarde à beira mar.

Passados três anos desde que o cenário eletrônico se modificou (parcialmente) ao olhar para as referências nostálgicas que embalaram os anos 80 – além de alguns toques do som hipnagógico proclamado por grupos como Boards of Canada -, uma nova onda de artistas parecem se apoderar das mesmas referências calorosas que tanto embalaram o verão norte-americano. Longe da insolação que logo em sequência de apoderou de uma infinidade de registros redundantes e copiosos de forma quase confessional, nomes como Lemonade, Tanlines e até brasileiros como Mahmundi e Silva fazem nascer a segunda leva dessa vertente. Sequência que traz no registro de estreia da dupla Poolside um dos melhores exemplares desse novo panorama.

Aos comandos de Filip Nikolic e Jeffrey Paradise, Pacific Standard Time (2012, Day & Night) dá um passo além da “Chillwave tradicional”, incorporando ao registro uma série de tendências que rompem com os limites sonoros da década de 1980. Ao mesmo tempo em que enquadra uma série de referências típicas da música house dos anos 90 – principalmente aquilo que explodiu na cena eletrônica de Ibiza -, o disco traz ao longo das faixas uma proposta que claramente se aproxima do pop eletrônico dos anos 2000, preferência que mesmo tímida se revela em cada uma das 16 extensas canções que explodem de maneira ensolarada no decorrer do álbum.

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Provavelmente o grande “defeito” do registro seja sua extensão. Com mais de uma hora de duração (são exatos 72 minutos e 31 segundos), o álbum exige tempo do ouvinte para que todas as percepções, sutilezas e referências que circulam dentro dele sejam de fato absorvidas, dedicação que por vezes pode cansar um espectador despreparado ou ansioso por um resultado rápido. Boa parte das canções ultrapassa facilmente os cinco minutos, o que praticamente obriga o ouvinte a compreender cada particularidade do disco com parcimônia, como se a dupla fizesse questão de preparar o terreno com longas introduções até que alcançarmos o centro das composições.

Dentro dessa proposta, Nikolic e Paradise constroem sequências inteiras onde contrabaixos volumosos dançam ao som de teclados precisos e quentes. Do brilho suave que preenche a doce Next To You – música precedida da introdutória faixa de abertura Tulsa – ao encerramento do disco com a suingada Take Me Home, Pacific Standard Time é um trabalho que encontra no tempo próprio a medida exata para a construção de infinitos cenários instrumentais. É como se cada faixa do disco, por mais extensa e complexa que seja, reserve no um mundo de cores, histórias e temáticas. Longe de apenas mais um registro ensolarado, o álbum traz ao público um caminho para reviver memórias há tempos esquecidas de um dia de sol ao lado dos amigos ou familiares.

Ao mesmo tempo em que mantém na proposta nostálgica o acerto para todas as tendências que caracterizam o trabalho, o álbum ainda consegue trazer no tom humorado e contagiante das faixas a proposta para o surgimento de um disco dançante e pop. Mesmo extensas, as canções em nenhum momento abandonam a proposta de um som fácil e recheado por letras que facilmente se relacionam com o ouvinte, eixo que delimita faixas como Kiss You Forever, Slow Down ou outras grandes músicas que residem no centro da obra.  Pacific Standard Time é um trabalho que funciona dentro de um tempo próprio, entretanto, basta que o ouvinte se ajuste a proposta do disco para que ele revele um oceano de histórias, sons e sensações que talvez passem despercebidas em uma rápida e imprecisa audição.

Pacific Standard Time (2012, Day & Night)

Nota: 8.2
Para quem gosta de: Lemonade,Metronomy e Toro Y Moi
Ouça: Slow Down, Next To You e Just Fall In Love

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.