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Críticas

Kacey Musgraves

: "Pageant Material "

Ano: 2015

Selo: Mercury Nashville

Gênero: Country, Pop, Folk

Para quem gosta de: Jenny Lewis, Neko Case e Taylor Swift

Ouça: Late To The Party, Fine e Dime Store Cowgirl

8.5
8.5

Disco: “Pageant Material”, Kacey Musgraves

Ano: 2015

Selo: Mercury Nashville

Gênero: Country, Pop, Folk

Para quem gosta de: Jenny Lewis, Neko Case e Taylor Swift

Ouça: Late To The Party, Fine e Dime Store Cowgirl

/ Por: Cleber Facchi 21/07/2015

É difícil escapar da voz doce de Kacey Musgraves. Ainda que o interesse do ouvinte pela música Country seja limitado (ou talvez inexistente), basta um passeio pelo jogo de melodias delicadas tecidas pela cantora de Mineola, Texas para que a identificação seja imediata. Uma sensação explícita desde o lançamento de Same Trailer Different Park (2013), primeiro trabalho da jovem artista dentro de um grande gravadora, e marca reforçada com maior naturalidade nas confissões que movem Pageant Material (2015, Mercury Nashville).

Quinto álbum de inéditas da cantora e segundo trabalho com lançamento pelo selo Mercury Nashville – braço sertanejo da gigante Universal Music e casa de artistas como Shania Twain e Billy Currington -, Pageant Material é um álbum que encanta pelas melodias. Da voz doce que inaugura o disco em High Time, passando pelos violões de Die Fun ou temas melancólicos Family Is Family e Fine, cada segundo dentro da obra soa como uma tentativa de Musgraves em acolher e confortar o ouvinte.

Esboçando uma coerência talvez maior do que a montagem explícita no antecessor Same Trailer Different Park, cada música do presente disco serve de base para a faixa seguinte, preferência que seduz e acompanha o público até os instantes finais da obra. Pouco mais de 40 minutos de duração que se extinguem com uma leveza rara, espaço em que Musgraves colide arranjos típicos da década de 1960 sem necessariamente romper com a presente cena Country em todo o território norte-americano.

Dividida entre o mesmo som “alternativo” de Jenny Lewis e o country-pop de nomes como Miranda Lambert e Lady Antebellum – com quem a cantora vem excursionando nos últimos anos -, Musgraves parece trilhar um caminho particular. Ao mesmo tempo em que sustenta versos marcados pelo completo tempero comercial, difícil encarar o recente trabalho da cantora como uma obra “vazia”. Há uma honestidade rara nos versos descritivos de Dime Store Cowgirl e principalmente doce tristeza na forma como a artista orienta faixas aos moldes de Somebody To Love.

Como escapar dos versos apaixonadas de Late To The Party – “E quem precisa de uma multidão quando você está feliz em uma festa para dois?” – ou mesmo da separação escancarada em Fine – “Eu abro o guarda-roupa, colocar meu rosto em suas roupas / E eu estou bem”? A cada nova curva do registro, um jogo agridoce de lamentos, sussurros, gritos e confissões românticas, como se diferentes personagens tomassem conta da voz (e sentimentos) de Musgraves até o fechamento da obra.

Com produção dividida entre Luke Laird (Ne-Yo, Carrie Underwood) e Shane McAnally (Kelly Clarkson, Sheryl Crow), Pageant Material, assim como o álbum de 2013, é uma obra dividida entre a nostalgia e a constante busca por novidade. Um passeio versátil de Kacey Musgraves não apenas pela música sertaneja que se espalha pela região sul dos Estados Unidos, mas por diferentes universos e essências instrumentais que definem todo território norte-americano.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.