Disco: “Part Lies, Part Heart, Part Truth, Part Garbage 1982 – 2011”, R.E.M.

/ Por: Cleber Facchi 16/11/2011

R.E.M.
Rock/Alternative/Alternative Rock
http://remhq.com/

Por: Cleber Facchi

 

“Um sábio certa vez disse: ‘o talento quando se vai a uma festa está em saber quando é a hora certa de ir embora’”. As palavras anteriores foram utilizadas por Michael Stipe, hoje ex-vocalista do grupo R.E.M. para explicar ao jornalista norte-americano David Fricke (da revista Rolling Stone) o que levou ele e seus dois parceiros de banda a encerrarem a carreira de um dos mais queridos e bem sucedidos grupos de rock que já passaram por este planeta. Embora excessivamente “mística”, tal afirmação explica de maneira satisfatória todos os fenômenos que mobilizaram o músico e seus parceiros ao abandonarem para sempre (?) qualquer futuro lançamento ou show ao vivo do grupo de Athens, Georgia.

Vindos de uma (quase) irretocável carreira que concentra alguns dos mais fundamentais e importantes tratados do rock alternativo – como Green de 1988 e Automatic for the People de 1992 -, a extinta banda lança agora como seu último suspiro a gigantesca coletânea Part Lies, Part Heart, Part Truth, Part Garbage 1982–2011. Reunindo nada menos do que 40 composições, o extenso álbum passeia por toda a carreira da banda, desde seus primórdios como quarteto no começo dos anos 80, até o lançamento de seu ainda recente e último trabalho de estúdio, o também convincente Collapse Into Now.

Como toda boa coletânea que se preze, o recente catálogo da banda norte-americana mergulha fundo no explorar de composições unicamente memoráveis, faixas que ajudaram o grupo a se transformar no fenômeno que foram e provavelmente serão pelos próximos anos. Bem explorado, o registro garante destaque ao captar não apenas faixas que perpassam a discografia de estúdio da banda ou seus LPs, amarrando desde canções como Gardening at Night, segunda faixa do primeiro EP da banda, Chronic Town, lançado em agosto de 1982.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=kpwd1YLgDaM]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=ZITh-XIikgI]

Sempre fieis ao trabalho do grupo, os fãs não deixam de ser presenteados com o registro, que não apenas concentra a nata musical do R.E.M. como proporciona o lançamento de três inéditas composições. Seja a curtinha A Month Of Saturdays, We All Go Back To Where We Belong ou Hallelujah, cada uma das três novas canções – na verdade sobras de estúdio do último trabalho da banda – apresentam mais uma somatória agradável de versos bem executados e uma instrumentação característica do grupo, sendo (por enquanto) o último material inédito do trio.

Entretanto, mesmo a trinca de novas canções não consegue ofuscar o brilho gerado através das já conhecidas criações do grupo. Dividido em duas partes, o duplo registro concentra em sua primeira etapa faixas que vão de debutar da banda até seu momento de explosão e aceitação do grande público com Out of Time e os hits Losing My Religion e Shiny Happy People. Da segunda metade em diante temos o amadurecimento da banda, que abre o disco dois com a melancolia de faixas vindas diretamente de Automatic for the People.

Embora seja compreensível que se trate de um registro focado em percorrer toda a carreira da banda, não há como evitar o desconforto ao nos depararmos com a fragilidade de Leaving New York, canção retirada do fraco Around the Sun. O álbum ainda surge prejudicado mediante a baixa valorização de faixas captadas dos álbuns Accelerate e UP, também fundamentais trabalhos do grupo, mas que acabam com poucas de suas composições incluídas na coletânea. Por fim, não há como negar o coerente título do trabalho, que condensa tanto as mentiras, como o coração, as verdades e uma mínima parcela de lixo que compreende toda a carreira do R.E.M.

Part Lies, Part Heart, Part Truth, Part Garbage 1982–2011 (2011, Warner Bros.)

Nota: 9.0
Para quem gosta de: Michael Stipe, Pearl Jam e U2
Ouça: o disco todo

Recomendo a Discografia comentada da banda feita pelo jornalista Marcelo Costa (Scream&Yell)

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.