Disco: “Path of Totality”, Tombs

/ Por: Cleber Facchi 02/07/2011

Tombs
Sludge/Post-Metal/Experimental
http://www.myspace.com/tombsbklyn

 

Por: Cleber Facchi

Pode ser que sejam apenas os comentários de um leigo, mas nenhuma vertente do Heavy Metal trouxe trabalhos tão importantes na última década quanto aqueles ligados ao Sludge Metal. O estilo que surgiu em meados dos anos 80 através da união do Doom Metal com outros gêneros como o punk, hardcore e rock alternativo teve ao longo da última década nomes como Baroness e Mastodon como seus grandes representantes. Mais recente disco a trilhar pelo mesmo caminho e provável candidato ao álbum do ano dentro do gênero, Path Of Toality (2011, Relapse Records), novo álbum da nova-iorquina Tombs se converte em uma sucessão de sons atmosféricos, rajadas estrondosas de guitarras e uma explosão de sons sujos, quase orquestrados e hipnóticos.

Na ativa desde 2007 com Mike Hill (guitarra e voz), Andrew Hernandez (bateria) e Carson Daniel James (baixo) como seus integrantes, o Tombs chega ao ano de 2011 finalizando uma obra que teve início há três anos. Winter Hours (2009), Fear Is The Weapon (2010) e agora Path of Totality, uma tríade de lançamentos ininterruptos que ao contrário do que se poderia imaginar não decresceram, apenas evoluíram no decorrer dos anos. Da ambientação obscura da estreia, para o crescimento brusco do segundo disco, até o ápice com o recente álbum, o trio norte-americano fez de seus registros um reduto do que há de mais sujo e intenso na música atual, não apenas dentro do metal.

57:34 minutos, este é o tempo que o trio precisa para concentrar não apenas o mar de referências que se acumularam ao longo dos dois primeiros discos, mas para injetar uma dose extra de peso, velocidade e um certo toque de desespero em suas canções. Com as faixas um pouco mais extensas que as apresentadas nos registros anteriores, a banda abre a possibilidade para se atirar de vez dentro dos limites do post-metal, produzindo amplas viagens de pura sonoridade caótica, vocais mais esparsos e uma exposição de sons que se dividem entre a agressividade (To Cross The Land) e construções mais “brandas” (Passageways).

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Mesmo que seja o conjunto dos três elementos centrais do disco – guitarra, baixo e bateria – aquilo que dá precisão ao trabalho, não destacar a guitarra de Mike Hill dentro do novo álbum seria como simplesmente desprezar a eficácia do registro. Se nos anteriores trabalhos o músico já entregava toda sua força e habilidade para com seu instrumento, em Path of Totality tal performance é elevada ao extremo, com Hill conduzindo o que aparenta ser uma orquestra de guitarras ou uma avalanche de instrumentistas todos tão virtuosos quanto ele. Difícil não se deixar levar por faixas como Bloodletters (que também destaca a bateria de Andrew Hernandez) ou Black Hole Of Summer, simplesmente épicos nas mãos do instrumentista.

Ao mesmo tempo em que o disco se abre para a execução de faixas grandiosas, como To Cross The Land ou as canções as acima citadas, a velocidade de algumas composições, ressaltando as raízes no hardcore do Sludge Metal, também acabam se revelando de forma intensificada dentro do álbum. Mesmo sendo a faixa mais longa do álbum, Cold Dark Eyes mantém em seus mais de seis minutos a mesma fluidez acelerada de seu princípio, concentrando seus esforços na bateria de Hernandez e revelando de maneira concisa a faceta mais “anárquica” da banda.

Mesmo em meio aos vocais berrados das faixas, Path of Totality se apresenta como um trabalho acessível mesmo aos não iniciados dentro das sonoridades do Heavy Metal. O jogo de guitarras e as texturas instrumentais construídas pela banda em diversos momentos atravessam as mesmas frequências exaltadas por alguns grupos de post-rock, o que de certo modo facilita na absorção do trabalho pelos ouvintes leigos. A força do registro, entretanto, ultrapassa qualquer limite de gênero musical ou divisão tribal dentro da música, um registro intenso e que surpreende independente de seu posicionamento.

 

Path Of Totality (2011, Relapse Records)

 

Nota: 8.8
Para quem gosta de: Conifer, Mastodon e Baroness
Ouça: Bloodletters

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.