Disco: “Peace Is the Mission”, Major Lazer

/ Por: Cleber Facchi 15/06/2015

Major Lazer
Electronic/Dancehall/Pop
http://majorlazer.com/

Há tempos Diplo não apresentava um trabalho tão coeso e versátil quanto o recém-lançado Peace Is the Mission (2015, Mad Decent). Passado o turbilhão instável que bagunçou as canções no antecessor Free the Universe (2012) – registro carregado de boas composições, porém, sufocado pelo excesso de faixas descartáveis e repetitivas -, o produtor se livra dos exageros , diminui o número de parceiros e encontra no pop uma ferramenta funcional, base para grande parte das canções no presente álbum.

Próximo e ao mesmo tempo distante do material apresentado em 2009 com Guns Don’t Kill People… Lazers Do, primeiro trabalho aos comandos do Major Lazer, Diplo ainda mantém o diálogo com diversos elementos do DanceHall/Reggae, porém, os rumos agora são outros. Confortado em temas e estruturas melódicas, o novo disco reflete ainda mais a face “comercial” do produtor, capaz de flertar com referências extraídas da EDM sem necessariamente fazer disso a base para um som penoso, íntimo dos exageros e tropeços de ouros artista próximos – como Skrillex e Calvin Harris.

Terceiro e mais curto registro do “coletivo” até aqui – são apenas 32 minutos de duração divididos em nove canções -, Peace Is the Mission faz de cada canção um hit imediato, radiofônico e acessível aos mais variados públicos. Cercado por novatos da cena alternativa – caso da dupla Wild Belle, Elliphant e MØ – e parceiros de longa data na produção, Diplo transporta para dentro do trabalho a mesma energia explorada nas apresentações ao vivo do projeto. Uma atuação rápida e carregada de faixas grudentas na medida certa.

Ainda na primeira metade do disco, uma metralhadora de versos fáceis e melodias essencialmente dançantes. Too Original, Be Together e Powerfull, músicas que repetem a mesma estrutura acessível do single Lean On – canção produzida em parceria com DJ Snake -, prendendo o ouvinte a atenção do ouvinte até o último segundo. Difícil se desvencilhar de elementos pontuais como a voz límpida de Jovi Rockwell (em Too Original) ou as referências tropicais que crescem as rimas/canto do convidado Chronixx em Blaze Up The Fire, faixa que mais se aproxima da proposta do Major Lazer com o primeiro disco.

Com a chegada de Light It Up, uma nova dose de adrenalina. Passagem para o lado mais “plural” de todo o registro, a canção prepara o terreno para a dose extra de rimas e batidas típicas do Hip-Hop/R&B, preferência que define todo o bloco final do trabalho. Faixas como a urbana Night Riders, parceria com Travi$ Scott, 2 Chainz, Pusha T e Mad Cobra, além de All My Love, música que conta com a presença da dupla Ariana Grande e Machel Montano; um resumo (assertiva) toda a coleção de ritmos incorporados de forma torta no disco passado.

Única canção do disco livre da interferência de um colaborador, Roll The Bass curiosamente mantém firme o caráter assertivo da obra. Quase uma extensão dos inventos eletrônicos assinados paralelamente pelo produtor – principalmente dentro do Jack Ü, projeto dividido com Skrillex -, a canção nasce como uma fina representação do novo fôlego e entusiasmo reforçado por Diplo em cada fragmento de Peace Is the Mission.

Peace Is the Mission (2015, Mad Decent)

Nota: 7.6
Para quem gosta de: MØ, Elliphant e Diplo
Ouça: Lean On, Roll The Bass e Too Original

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.