Disco: “People Problem”, Oh No Oh My

/ Por: Cleber Facchi 05/01/2011

Oh No Oh My
Indie Pop/Folk/Indie
http://www.myspace.com/ohnoohmyband

Embora o quarteto de multi-instrumentistas do Oh No Oh My tenha conseguido um bom espaço na mídia convencional (seja pela inclusão de suas canções em séries de TV ou comerciais de celular) o grupo sempre transitou de maneira obscura pela cena independente. Mesmo dentro dos veículos de comunicação especializados pouco é dito sobre a banda texana de Austin. Com People Problem (2011), o segundo trabalho de estúdio do grupo, está mais do que na hora de a banda ter o reconhecimento que merece e ocupar o espaço que é seu por direito.

Precedido por Oh No! Oh My! (2006) e o EP Between The Devil And The Sea (2007), em que a banda transitava por uma sonoridade indie pop com leves acréscimos de programação eletrônica, o novo álbum se vale dos arranjos criativos de seus compositores e canções que esbanjam melodias pop. Adjetivos como “belíssimo”, “fofo” ou “bonito” surgem de maneira mais natural possível durante a execução do disco, e é inevitável contê-los. As construções elaboradas e os arranjos de guitarra, violões e teclados dinâmicos ecoam o pop transgressor dos anos 60 e claras referências ao indie rock do Pavement, Neutral Milk Hotel e demais bandas da década de 1990.

Outra banda que parece ter suas referências sugadas até o talo é o Death Cab For Cutie, principalmente os primeiros trabalhos da banda como The Photo Álbum (2001) ou Something About Airplanes (1998). Embora os vocais de Greg Barkley nada lembrem os de Bem Gibbard, a mesma pegada melancólica tanto em sua voz quanto na melodia das faixas se mostram visíveis. O grupo parece ainda ter bebido muito de The Zombies, The Byrds e demais bandas voltadas para a construção de faixas melódicas e pomposas. No Time For Talk e Should Not Have Come To This são uma boa amostra dessas referências com sua sofisticada construção sonora a partir do uso de intenso de teclados, órgãos, sintetizadores e dos vocais bem encaixados.

Se faixas como I Love You All The Time do primeiro álbum do quarteto mostravam a opção pelo uso de experimentações eletrônicas, com o novo disco tais aventuras sonoras parecem definitivamente deixadas de lado. Os parcos resquícios de tal instrumentação artificial ficam resignados ao fundo das canções, meros detalhes a serem apreciados. A instrumentação cada vez mais orgânica da banda é o ponto chave do disco. I Don’t Know guiada apenas por violões e teclados suaves, além de um arranjo de cordas esporádico, demonstram o profissionalismo do grupo em se aperfeiçoar justamente na simplicidade.

People Problem se mostra um trabalho completamente despretensioso, um disco que se firma na boa experiência de seus criadores se distanciando de experimentalismos desnecessários ou com a tentativa de seguir tendências. “Fofo”, “Bonito” ou qualquer outra definição parecem classificações menores em vista do potencial e da eficiente construção musical do disco.

People Problem (2011)

Nota: 8.3
Para quem gosta de: Death Cab For Cutie, The Boy Least Likely To e The Shins
Ouça: Should Not Have Come To This

RESUMIDO podcast de notícias

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.