Disco: “People”, Skeletons

/ Por: Cleber Facchi 28/04/2011

Skeletons
Experimental/Math Rock/Indie
http://skeletonstv.tumblr.com/

Por: Fernanda Blammer

Seguindo a escola Merriweather Post Pavillion – obra-prima do Animal Collective, lançada em 2009 – o quarteto Skeletons, que há anos vem se aventurando pelos terrenos da música experimental, chega agora com People (2011), mais recente álbum da banda e que segue uma linha muito mais acessível do que a encontrada anteriormente. Valendo-se de melodias instáveis e que em determinados momentos se encaminham por uma sonoridade voltada ao Math Rock, o grupo do estado de Ohio deforma seus sons em prol de uma musicalidade dinâmica e caricata.

Uma das grandes propriedades da banda formada por Matthew Mehlan, Jason McMahon, Tony Lowe e Jonathan Leland está no fato do grupo não se fixar ativamente em um único estilo musical. Uma rápida passagem pela discografia do quarteto, que se formou em meados de 2002, e é possível encontrar desde aventuras pelo jazz, funk, freak folk, além de algumas predisposições ao rock e a música eletrônica, porém nunca de maneira fixa e imutável, havendo sempre substituições esporádicas. Com o novo registro há uma espécie de agrupamento de todos estes estilos, embora as repetições e rifes em looping denotem uma clara aproximação com o rock matemático.

A maneira com que as guitarras são encontradas na faixa Tania Head, por exemplo, com suas fórmulas predefinidas de ritmos, notas e sons aproximam o grupo tanto dos pioneiros do estilo nos princípios dos anos 90, como da nova geração de bandas, como Foals, Yamon Yamon, entre outras, que usam da sequencialização as bases para suas faixas. Já as letras das composições, entretanto, seguem uma via não métrica, passeando pelo nonsense e até mesmo o excêntrico.

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Em meio ao direcionamento calculado dos sons surgem faixas como, Grandma, uma homenagem a avó de um dos integrantes (!); Barack Obama Blues, que apenas o nome já evidencia seus significados; Walmart and the Ghost of Jimmy Damour, e seu misto de humor e “terror”, além de diversas outras pérolas do bizarro. O casamento entre as estranhezas instrumentais e a excentricidade poética de seus compositores fazem com que People se apresente como um trabalho diferente, e em algumas alturas até difícil, porém inegavelmente atrativo.

Mesmo que exista uma visível busca por um tipo de som mais “pop” e convidativo, o quarteto acaba pecando por se prender exclusivamente ao básico. Em sua quase totalidade o disco se apresenta como um trabalho comum. Há o lado experimental, como há o lado mais fácil do trabalho, porém boa parte do álbum fica situado em uma espécie de meio termo, gerando em alguns momentos composições insossas. É o caso de No, canção que se mantém de maneira excessivamente estável, afastando-se dos bons resultados encontrados no decorrer do disco.

Mesmo que consiga agradar em determinados momentos, People se apresenta como um disco muito aquém do que o esperado pelo grupo. Baseando-se por trabalhos anteriores como Lucas (2007) e Life and the Afterbirth (2004) vê-se uma lamentável queda na inspiração do recente trabalho, dando a entender que o experimentalismo assertivo de outras épocas parece deixado de lado em favor de um resultado comum e em determinados momentos até tedioso.

People (2011)

Nota: 6.5
Para quem gosta de: Yamon Yamon, Foals e Yeasayer
Ouça: Walmart and the Ghost of Jimmy Damour

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.