Disco: “Pink Friday: Roman Reloaded”, Nicki Minaj

/ Por: Cleber Facchi 02/04/2012

Nicki Minaj
Hip-Hop/Pop/R&B
http://mypinkfriday.com/

Por: Fernanda Blammer

Não existe personagem mais bizarro e divertido do que Nicki Minaj na atual safra do hip-hop norte-americano. Enquanto grande parte dos indivíduos que circulam pelo meio parecem interessados em propor um som sério ou quem sabe exaltar suas conquistas, a trinidadiana parece interessada em trilhar outro caminho. Nunca óbvia e adepta de vestes escandalosas e ações polêmicas – vide a participação dela no Grammy deste ano -, a rapper chega ao segundo disco esbanjando os exatos mesmos elementos que a fizeram conhecida, mantendo tanto o tom debochado e as letras irônicas das primeiras mixtapes, como a sonoridade pop e comercial do anterior álbum de estúdio.

Espécie de continuação “conceitual” do divertido álbum de 2010, Pink Friday: Roman Reloaded (2012, Young Money, Cash Money/ Universal Republic) traz em mais de 70 minutos toda a comicidade (e um pouco de romantismo) da cantora, que não presa somente ao hip-hop passeia por entre ritmos e diferentes vertentes musicais em busca de cobrir todas as lacunas do disco. Espécie de fusão entre Beyoncé dos primeiros discos e Lady Gaga em seus momentos de maior excentricidade, Minaj e o grupo de produtores que a acompanham alcançam um disco inteiramente vendável, um trabalho que deve circular com total destaque pelas paradas musicais ao redor do mundo ou mesmo dominar boa parte das pistas de dança do planeta.

Cumprindo perfeitamente com quaisquer exigências do público da rapper, o trabalho edifica a construção de um verdadeiro cardápio de hits, faixas capazes de fisgar o ouvinte sem grandes esforços. Tão versátil quanto o figurino da cantora é a sonoridade e o posicionamento que ela assume com o passar do álbum. Se em Roman Holiday e na engraçadíssima Come on a Cone Minaj surge como uma rapper desbocada e ágil, em Pound The Alarme vemos o lado pop dela aflorar, deixando para Right By My Side (ao lado de Chris Brown) a construção da face romântica e sofrida da artista, que cresce surpreendentemente quando entregue aos beats lânguidos do R&B.

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Nicki, entretanto, é um genuíno exemplar da música pop e como tal acerta a mão quando se entrega totalmente ao gênero. Em Starship, primeiro single do disco, as batidas crescentes e o colosso de versos pegajosos exprimem com perfeição em que se baseia o trabalho da rapper que mantém a mesma linearidade nas seguintes composições. Em Whip It temos uma forte aproximação com a eletrônica (referência que cresce muito em relação ao álbum anterior), algo também propagado em Automatic e Beautiful Sinner, faixas que devem manter Minaj em destaque na cena musical por um bom tempo.

Embora competente, em diversos momentos do disco é possível observar certa dose de semelhança e redundância entre as músicas, como se algumas delas fossem demasiadamente próximas se não iguais. A extensa duração do álbum – que em versão especial alcança 22 faixas – é outro fator que prejudica a audição do mesmo. É até possível dividir o trabalho de Minaj em dois blocos, um inteiramente voltado ao som pop e vendável da artista, e outro ao R&B, tendência em que a cantora provavelmente alcança os melhores momentos.

Nicki Minaj é exatamente o que você quiser que ela seja. Rapper, diva pop, personalidade excêntrica, musa do R&B e o que mais o ouvinte acreditar que ela possa ser. Quem for atrás do álbum pensando em encontrar um épico disco de múltiplas tonalidades provavelmente irá se decepcionar, afinal, assim como no trabalho anterior a proposta em Pink Friday: Roman Reloaded é divertir, mesmo que para isso a norte-americana tenha que apelar para algumas pequenas doses de excentricidade, trocando de ritmos e incorporando diferentes personagens a cada nova peruca que ela use.

Pink Friday: Roman Reloaded (2012, Young Money, Cash Money/ Universal Republic)

Nota: 6.8
Para quem gosta de: Rihanna, Lady Gaga e Beyoncé
Ouça: Right By My Side e Starship

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.