Disco: “Plato Divorak & Os Exiters”, Plato Divorak

/ Por: Cleber Facchi 28/07/2011

Plato Divorak & Os Exiters
Brazilian/Psychedelic/Garage Rock
http://www.myspace.com/platodivorak

Por: Cleber Facchi

Ninguém é capaz de definir tão bem a figura do cantor e compositor Plato Divorak quanto ele próprio. “Eu Sou um ídolo Pop!”, canta logo na faixa de abertura de seu novo álbum, Plato Divorak & Os Exiters (2011, Independente), registro que deve disseminar a imagem e a filosofia do músico que é uma verdadeira lenda viva do rock gaúcho pelos quatro cantos do Brasil. Ativo na cena cultural de Porto Alegre desde o final dos anos 80, Divorak nos convida a adentrar seu mundo de experiências cósmicas, filosóficas, sentimentais, esquizofrênicas e mágicas, através de um registro que encontra na psicodelia e no rock de garagem seu poderoso combustível.

Embora surja como um registro inédito ao público em pleno 2011, o novo trabalho do gaúcho vem de uma grande e demorada gestação. Desde 2007 que o registro já se encontra finalizado, porém problemas técnicos e mercadológicos proporcionaram um atraso de quatro anos até a chegada do poderoso álbum, o que de forma alguma prejudica o rendimento da obra. Como um bom vinho, ao longo dos últimos anos o trabalho de Divorak foi ganhando novas texturas, sabores e formas, até alcançar o resultado que evidencia hoje, um registro tomado de incontáveis tonalidades e que ataca com sua vastidão os tímpanos do ouvinte.

Thomas Dreher, que já trabalhou com gente como Bidê ou Balde, Júpiter Maçã e Cachorro Grande é quem auxilia Divorak e seus Exiters a conduzir seu trabalho com precisão e uma produção intocável. Guitarras tomadas de distorção se chocam com teclados e efeitos sonoros lisérgicos, enquanto vocais em eco costuram uma bateria empolgada, elementos que arremessam para frente um baixo poderoso e desafiador, que inconformado com sua posição parte para cima do corpo de guitarras através de um duelo místico e de puro delírio instrumental.

Perdido em um universo próprio de delírios psicodélicos além de algumas pequenas passagens pelo “mundo real”, Plato – cujo verdadeiro nome é Paulo Alexandre Paixão de Oliveira – presenteia o ouvinte de forma entusiasmada com verdadeiros achados musicais e pequenas crônicas capturadas dentro de seu próprio e místico panorama. Entre passeios pelo espaço (Harmonix: O Pior Planeta), momentos de pura irônia (Eu Sou Um Ídolo Pop!), personagens reais e fictícios (Jacqueline dos Theatros e Casal Beat) e até momentos de exaltação amorosa (Canção de Amor), o gaúcho vai aos poucos nos puxando para junto de sua realidade, tornando o ouvinte um também personagem desse mundo mágico.

Através de 13 composições Divorak proporciona uma musicalidade homogênea, isso até a chegada de Baby Denmarck, um verdadeiro épico que inverte totalmente a lógica do registro. Se até a mística Através dos pássaros do fogo mas não do vidro o disco segue em meio a uma viagem musical suave e tomada de delírios policromáticos, com a chegada da suntuosa composição de 40 minutos (!), o gaúcho entra em uma verdadeira Bad Trip musical, mobilizando sons carregados de ruídos, loopings cacofônicos, trechos de vocais aleatórios e uma completa perca da realidade.

Mágico, surreal, cômico e pop, Plato Divorak & Os Exiters é uma experiência única e que não poupa esforços na hora de arriscar, resultando em um disco ímpar dentro da atual música brasileira. Em quase duas horas de duração (lembrando que quase metade do álbum é destinado a uma única e volumosa canção) o trabalho faz o ouvinte se questionar de forma bem humorada se ele está inserido de fato em um mundo de sensações reais ou em uma completa viagem onírico-cósmica-multissensorial.

Plato Divorak & Os Exiters (2011, Independente)

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Júpiter Maçã, Bidê ou Balde e Frank Jorge
Ouça: Eu Sou Um Ídolo Pop!

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.