Disco: “Potential”, The Range

/ Por: Cleber Facchi 28/03/2016

The Range
Experimental/Electronic/Hip-Hop
http://www.therange.us/

 

O Hip-Hop sempre foi encarado com leveza nas canções de James Hinton. Basta voltar os ouvidos para Nonfication (2013), primeiro registro de inéditas do The Range, e logo perceber como o gênero sutilmente flutua em cada uma das 11 faixas apresentadas pelo produtor. Preferência que se destaca com a chegada de Potential (2016, Donkey Pitch), segundo álbum de inéditas do norte-americano e uma curiosa desconstrução de grande parte a base instrumental apresentada há três anos.

Passo além em relação ao trabalho produzido em Panasonic EP, de 2014, Potential não apenas confirma o interesse de Hinton pelo Hip-Hop/R&B, como apresenta ao público um conjunto de possibilidades e temas alavancados pelo uso delicado voz. Da curiosa abertura com Regular, passando por composições como Copper Wire, Skeptical e So, Hinton lentamente converte a voz em um ferramenta volátil, base de grande parte das faixas que conduzem a presente obra.

São versos cíclicos, trechos extraídos de clássicos do R&B na década de 1990, suspiros ou mesmo palavras que acabam servindo de estímulo para uma composição inteira. Em Florida, por exemplo, primeira música do trabalho a ser apresentada ao público, Hinton utiliza do vídeo de uma versão de You’ll Never Know, da cantora Ariana Grande, como base para sua própria criação. Fragmentos extraídos do Youtube e que ainda servem de estímulo para faixas como Five Four e Superimpose.

Mesmo a rica tapeçaria instrumental que se espalha ao longo do disco assume novo enquadramento. Enquanto Nonfication indicava a chegada de um artista inspirado pelo trabalho de gigantes da IDM – principalmente Aphex Twin nos anos 1990 -, em Potential vemos a busca de Hinton por um novo conjunto de ideias e referências. Perceba como os sintetizadores exploram novas texturas em Falling Out of Fase e Retune, ou mesmo a derradeira 1804 mergulha em uma inusitada ambientação dançante.

Registro de ideias, Potential apresenta ao público um novo conjunto de possibilidades, fórmulas e ritmos que lentamente distanciam James Hinton do caminho musicalmente previsto ao final de Nonfication. Inúmeras setas que estreitam a relação com as pistas (So, 1804), aportam em temas experimentais (Falling Out of Fase) e, ao mesmo tempo, criam uma espécie de ponte para o som assinado pelo produtor desde o primeiro álbum (Florida, Four Five),

 

Potential (2016, Donkey Pitch)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Ryan Hemsworth, Evian Christ e Vondelpark
Ouça: Florida, Four Five e Copper Wire

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.