Disco: “Prom King”, Skylar Spence

/ Por: Cleber Facchi 22/09/2015

Skylar Spence
Electronic/Alternative/Disco Funk
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Quem acompanha o trabalho de Ryan DeRobertis desde os tempos do Saint Pepsi, provavelmente deve ter se espantado com a mudança de direção assumida pelo produtor em Can’t You See. Escolhida para apresentar o primeiro álbum de inéditas do artista nova-iorquino dentro do projeto Skylar Spence, Prom King (2015, Carpark Records), a faixa de ritmo acelerado e forte diálogo com a década de 1970 está longe de parecer apenas um novo ponto de partida para DeRobertis, mas a base de cada uma das 11 composições que recheiam o registro.

Vaporwave, Future Pop, Chillwave ou Dance Music: não importa. Independente dos rótulos que cercam a obra do produtor norte-americano desde o começo da presente década, DeRobertis assume como único objetivo em Prom King fazer o ouvinte dançar. Com Can’t You See e a curiosa faixa-título logo na abertura do álbum, diversos são os caminhos (e ritmos) assumidos pelo artista, tão íntimo da essência nostálgica do Daft Punk em Random Access Memories (2013), como do som empoeirado e referencial de Neon Indian, Washed Out e outros nomes ainda recentes da música estadunidense.

Em I Can’t Be Your Superman, quarta faixa do disco, a prova da capacidade de Skylar Spance em produzir uma boa faixa “comercial”, mas sem necessariamente perder o toque “Lo-Fi” do álbum. Guitarras e batidas que resgatam o que há de mais dançante nas últimas três décadas, preparando o terreno para o uso de versos marcados pelo romantismo e a honestidade de DeRobertis – “Você tem o peso do mundo sobre os ombros / Quando eu não estou por perto / Eu mergulhar nas profundezas do seu oceano / Mas você ainda poderia se afogar”.

Com a chegada de Ridiculos!, quinta música do disco, uma espécie de passeio por diferentes aspectos do som incorporado por DeRobertis nos últimos anos. Instantes de euforia e recolhimento que garantem dinamismo ao álbum. Enquanto Fall Harder e Affairs reforçam o caráter melancólico e intimista da obra, esbarrando em versos de natureza confessional, canções aos moldes de Bounce Is Back e Cash Wedensday mergulham de cabeça em experimentos típicos do trabalho apresentado pelo produtor com o Saint Pepsi.

Por falar em Saint Pepsi, parte expressiva de Prom King é composta de faixas apresentadas pelo artista ainda no antigo projeto. É o caso da já conhecida Fiona Coyne. Escolhida para fechar o disco, a canção sustenta uma pequena ponte para os inventos mais antigos de DeRobertis, colidindo a sonoridade referencial do presente álbum com a mesma base empoeirada de toda a série de EPs e singles produzidos pelo artista entre 2012 e o final de 2014.

Deliciosamente leve, Prom King segue até a última música de forma dinâmica e autêntica, livre de tropeços ou possíveis bloqueios que prejudiquem a audição do ouvinte que talvez não tenha acompanhado os últimos projetos assinados pelo produtor. Ao mesmo tempo em que DeRobertis preserva a própria essência, faixas como Can’t You See e I Can’t Be You Superman abrem passagem para uma nova temática instrumental, indicando um caminho cada vez mais pop e naturalmente dançante .

Prom King (2015, Carpark Records)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Washed Out, Neon Indian e Toro Y Moi
Ouça: Can’t You See, I Can’t Be You Superman e Affairs

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.