Disco: “Pythons”, Surfer Blood

/ Por: Cleber Facchi 01/07/2013

Surfer Blood
Indie Rock/Alternative/Surf Rock
http://www.surferblood.com/

Por: Fernanda Blammer

Surfer Blood

Fossem as gravações caseiras ou mesmo as guitarras tomadas pelo ruído, com o lançamento de Astro Coast (2010) o então quinteto Surfer Blood deixava pistas claras de que a busca pelo Lo-Fi como temática era parte natural do trabalho da banda. Um erro. Como bem definiu o grupo norte-americano durante o lançamento de Tarot Classics EP, em 2011, o toque artesanal dos sons nunca foi algo intencional na carreira da banda, apenas uma questão econômica. Custeado pelos próprios integrantes e captado em grande parte no interior de estúdios improvisados, o trabalho de estreia do coletivo de West Palm Beach, Florida foi mais um rascunho e um possível cartão de visitas do que uma obra bem finalizada em si.

Sem fazer disso uma surpresa, ao alcançar o segundo registro da carreira, Pythons (2013, Warner Brothers), a banda parece reviver as mesmas experiências instrumentais e líricas tratadas há três anos, a diferença: Sem que haja qualquer dose de sujeira ou profunda distorção. Mesmo distante da crueza original e observado com cuidado pelo experiente Gil Norton – produtor que já trabalhou com Pixies, Foo Fighters, entre outras bandas -, o novo álbum é sim uma extensão do primeiro disco. É como se todas as composições entregues há três anos fossem reapresentadas agora, porém, sem a mesma capa de ruídos inicialmente exposta pela banda.

Ora reforçado pela Surf Music, ora revelando um profundo interesse no rock alternativo da segunda metade dos anos 1990, o novo álbum cresce em uma medida naturalmente comercial e acessível, esforço que deve aproximar a banda de uma parcela maior do público. Parte fundamental no construção do último disco, as melodias de vozes acabam por decidir os rumos e toda a formação do presente álbum, que livre das tradicionais camadas de distorção instrumental ecoam com maior naturalidade pelo álbum. Dessa forma, da explosão inicial fixada em Demon Dance ao toque melancólico de Prom Song, tudo parece reforçado para grudar nos ouvidos do espectador. Um esforço natural e que parece longe de possíveis exageros.

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Menos tímido do que o resultado proposto em Tarot Classics, Pythons é um trabalho em que a banda se permite crescer desmedida. Enquanto músicas como Gravity exploram o lado ensolarado do grupo em uma medida ascendente e próxima de faixas como Swim, do disco anterior, composições aos moldes de Weird Shapes fazem valer a presença de Gil Norton. Com ares de Pop Punk, a canção amarra uma aceleração próxima da boa fase do Jimmy Eat World, ao mesmo tempo em que ecos de Weezer e outros veteranos do mesmo período surgem durante todo o tempo. Uma relação direta com o passado, mas que passa longe de exprimir nostalgia.

Naturalmente os momentos de maior invenção da obra se encontram no manuseio dinâmico das guitarras. Entregues aos comandos de Thomas Fekete e do também vocalista John Paul Pitts, o instrumento é responsável pela fuga do óbvio e a criação de músicas como Squeezing Blood e Needles And Pins. Se por um lado a primeira dissolve acordes matemáticos de maneira uniforme, a segunda cresce em meio a acertos morosos, expandindo todas as propriedades em um solo leve, capaz de esbarrar na psicodelia. Surgem ainda instantes de plena aceleração (Weird Shapes), faixas pontuadas pelo detalhe das cordas (I Was Wrong) e blocos de distorção que vez ou outra se aproximam da essência conquistada com o primeiro disco (Slow Six).

Se por um lado a limpidez dos sons impulsiona o grupo para um novo domínio, em outros aspectos ele distancia a banda do caráter de surpresa que guiava as canções em Astro Coast. É como se a plasticidade que se esparrama pelo álbum desse impulso a um som de esforço previsível, principalmente na segunda metade do trabalho. Pythons não decepciona, pelo contrário, faz com que a banda passe com segurança na “prova do segundo disco”, entretanto, a incapacidade do grupo em ir além do previsto torna a audição desinteressante, faixas incapazes de manter a durabilidade e o senso criativo que ainda hoje alimenta o primeiro álbum do grupo.

Surfer Blood

Pythons (2013, Warner Brothers)

Nota: 6.5
Para quem gosta de: Beach Fossils, FIDLAR e Wavves
Ouça: Gravity e Weird Shapes

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.