Disco: “Quero Ser Cool”, Les Pops

/ Por: Cleber Facchi 28/02/2011

Les Pops
Brazilian/Indie/Pop
http://www.myspace.com/lespops

 

Por: Cleber Facchi

É por trabalhos como esse Quero se Cool (2011), disco de estreia da banda carioca Les Pops, que dá vontade de se aventurar novamente pelo terreno da música pop. Com letras divertidas e uma instrumentação variada, o quarteto chega destilando ótimos momentos e hits fáceis nesse trabalho lançado pelo selo Discobertas. Formada recentemente (o primeiro show da banda foi em setembro de 2009), o grupo mostra com esse primeiro trabalho de estúdio que a sinceridade e o jeito simples de desenvolver suas composições superam excessos e detalhamentos.

Por mais que seja clichê é difícil não esbarrar em termos como “ironia” e “cinismo” ao ouvir esse disco. O trio Rodrigo Bittencourt (voz e guitarra), Daniel Lopes (voz e guitarra) e Thiago Antunes (voz, Ukelele e Banjo) – nas gravações contaram com Rafael Rapreto na bateria – despejam letras repletas de duplos sentidos como as ótimas Esmalte, a homônima Quero ser Cool e Salto Agulha. Sobra espaço para que Nietzsche, Platão, Fellini, Bukowski e outras referências históricas/literárias (ou não) acabem figurando nas composições.

Na sonoridade a banda não aposta em uma fórmula específica para dar sequência as suas criações. Há um pouco de tudo. Desde um pop engraçadinho parecido com o que preenche boa parte do rock brasileiro dos anos 80, através de artistascomo Léo Jaime, Kid Vinil ou mesmo grupos mais recentes como Ecos Falsos. Reggae, samba, música brega e um ótimo uso de ukelele em boa parte das canções. Basta apreciar Salto Agulha, repleta de sons dançantes que lembram de leve alguma coisa dos Paralamas do Sucesso, ou seria Do Amor?

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Há também uma clara aproximação com o rock dos anos 2000 como se observa em Batalha Naval. As guitarras ali utilizadas poderiam estar em alguma coisa do Strokes ou qualquer banda indie da última década. O rock “clássico” também não fica de lado. Em Aluguel em Abbey Road (com a banda explicando como o clássico disco dos Beatles influenciou o mercado imobiliário local) a instrumentação vem repleta de guitarradas no melhor espírito Rock ‘n’ Roll.

Sobra até espaço para uma sonoridade acústica se instalar no disco, como acontece com a canção que nomeia o álbum. Em meio a auto-ironias sobre a necessidade de ser “cool” e trechos em francês, o trio destila um ótimo dedilhado de violão, uma percussão reducionista e um piano sentimental com certo ar de cabaré ao fundo. Até Camisa Listrada, um cover do compositor carioca Assis Valente, que originalmente vinha em formato de chorinho vem totalmente reconfigurada nesse disco.

Quero ser Cool é um trabalho leve e descompromissado, talvez por isso seja tão gratificante ouvi-lo. Cada canção vem rodeada por elementos descomplicados, um álbum que funciona para ser tocado a qualquer hora do dia e sem restrições. Um tipo de disco que deveria sair mais vezes, e não de maneira tão esporádica.

 

Quero ser Cool (2011)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Ecos Falsos, Nevilton e Do Amor
Ouça: Salto Agulha

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.