Disco: “Radiant Door EP”, Crystal Stilts

/ Por: Cleber Facchi 18/11/2011

Crystal Stilts
Post-Punk/Shoegaze/Noise Pop
http://www.myspace.com/crystalstilts

Por: Cleber Facchi

 

Dentre as principais mudanças que acompanham In Love With Oblivion, mais novo registro em estúdio do grupo nova-iorquino Crystal Stilts, sem dúvidas as que mais se destacam são as relacionadas à limpidez sonora que acompanhou o registro. Menos poluído que o debut Alight Of Night de 2008 – uma verdadeira sucessão de guitarradas e vocais cacofônicos – o trabalho abriu caminhos para que a banda experimentasse novas tendências musicais, algo que o grupo reforça ainda mais com a chegada de seu novo projeto, Radiant Door EP, registro que possibilita outras tonalidades musicais para ao trabalho da banda.

Logo de cara uma quebra: nada das velhas capas obscuras que tanto caracterizaram os antigos discos da banda, o que vemos é um completo oposto, um alinhado de círculos coloridos que imediatamente dão a deixa sobre o trabalho. Em seu interior a temática não é diferente. Menos tomado pelas guitarras e fluindo dentro de uma sobriedade puramente melódica, o álbum apresenta uma sucessão de cinco faixas levemente encobertas por uma fina camada de teclados poluídos e um vocal em eco, rompendo com o segmento mais direcionado ao pós-punk e se aproximando significativamente da new wave.

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=0w7c832Ijxs&w?rel=0]

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=GzFxwo8aRZc&w?rel=0]

Entretanto, por mais que haja mudança, há também limites para isso. Por mais que a sonoridade realçada ao longo do disco tenha rompido levemente com o que fora proposto nos anteriores lançamentos do grupo, você não irá encontrar solos engraçadinhos de teclados ou uma pulsação constante de sons fáceis e dançantes. Mesmo calcado em uma vertente distinta muito do que se encontra ao longo do trabalho e de faixas como Darl Eyes e Low Profile se conecta diretamente com os trabalhos anteriores dos nova-iorquinos, principalmente com o último.

A impressão repassada ao longo do registro é que nos encontramos com um trabalho que mesmo obscuro e pensado para um público extremamente seleto, consegue de forma ampla dialogar com um novo público. Da melancolia convidativa da faixa título aos flertes com a música praieira em Still as the Night (algo também visível em In Love With Oblivion), o que observamos através do álbum é um projeto menos opaco, quase radiante e que deve garantir certa dose de ineditismo e profunda inovação aos próximos registros da banda, que se for capaz de seguir (e aprimorar) essa mesma linguagem nos presenteará com novos e satisfatórios resultados.

 

Radiant Door EP (2011, Sacred Bones, 2011)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Dirty Beaches, Crocodiles e The Horrors
Ouça: Still as the Night

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.