Disco: “Radioactive”, Yelawolf

/ Por: Cleber Facchi 23/11/2011

Yelawolf
Hip-Hop/Rap/Southern Rap
http://www.yelawolf.com/splash/

Por: Cleber Facchi

 

Quando no começo dos anos 2000 tanto a crítica como o público passaram a destinar a devida atenção aos trabalhos do rapper norte-americano Eminem – principalmente a partir do álbum The Eminem Show, de 2002 -, desenvolver um tipo de rima repleta de ironia, humor negro, sarcasmo e uma estranha acessibilidade pop era o que estava em alta no mundo do hip-hop. Obviamente uma sucessão de seguidores destas mesmas “crenças” começaram a despontar por todos os cantos do território americano, transformando o rapper em uma figura icônica para o gênero e posteriormente uma (infeliz) paródia de si próprio.

Seguidor assumido (e apadrinhado) dos mesmos ensinamentos, temas e fórmulas exploradas pelo rapper de Michigan, o “novato” Michael Wayne “Yelawolf” Atha parece ser o que melhor sobrou de toda a exposição gerada em cima dos trabalhos de Eminem. Vindo de um trabalho independente lançado em idos de 2005 – Creek Water – e algumas mixtapes apresentadas ao longo dos últimos anos, o rapper de Gadsden, Alabama aparece agora com aquele que deve ser considerado sua estreia definitiva no mundo da música: Radioactive.

Feito o experimento químico que retrata logo na ilustração de capa do trabalho, Yelawolf promove ao longo de exatas 15 composições uma mistura diversificada entre as experiências do Hip-Hop, passagens nada frágeis pelas fluências do rock, e claro, uma ampla enciclopédia de versos e rimas que aproximam intencionalmente o trabalho do artista daquilo que fora propagado por seu professor há alguns anos. Bem produzido, certeiro e delineado por presumíveis hits, o álbum abre as portas para que o rapper desenvolva uma escalada firma e possivelmente rápida para o Mainstream.

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Não apenas honrando os ensinamentos de seu mestre, Atha convida o próprio Eminem para que este o auxilie na produção executiva do registro, figura que deixa suas marcas espalhadas por todos os quase 60 minutos do trabalho. O rapper aproveita ainda para emprestar seus versos e sua voz na melódica Throw It Up, composição que também conta com a presença da rapper conterrânea Gangsta Boo, promovendo uma música versátil e um dos prováveis grandes hits que vão se espalhando ao longo do álbum.

Por falar em hits e músicas tomadas por uma sonoridade capaz de chamar as atenções do grande público, em boa parte do tempo em que passa dentro Radioactive Yelawolf busca desenvolver um conjunto de faixas comerciais e capazes de explicar toda a funcionalidade do trabalho em poucos segundos. Surgem assim composições tomadas por uma essência radiofônica e uma produção perspicaz, algo que Hard White (Up In The Club) ao lado do veterano Lil Jon ou o cômico R&B Good Girl – uma música de amor para garotas, ou como o próprio prefere explicar “bitches like love songs” – traduzem com facilidade.

Ao mesmo tempo em que parece preparado para tocar o grande público, se adornando de um amplo número de canções marcadas pela acessibilidade de seus versos e melodias, Yelawolf mantém firme um pé no underground. Essa constante divisão acaba garantindo ao rapper uma liga musical suficientemente capaz de agradar diferentes setores da crítica e principalmente do público, garantindo ao artista uma boa repercussão de seu trabalho independente dos rumos a serem explorados.

Radioactive (2011, Ghet-O-Vision/DGC/Interscope)

Nota: 7.7
Para quem gosta de:
Ouça: Hard White (Up In The Club) e Animal

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.