Disco: “Rare Chandeliers”, Action Bronson

/ Por: Cleber Facchi 29/11/2012

Action Bronson
Hip-Hop/Rap/Alternative
http://www.actionbronson.com/

Por: Cleber Facchi

Action Bronson é um verdadeiro especialista em mixtapes. Longe dos limites das grandes gravadoras, em cada novo trabalho produzido pelo nova-iorquino temos na manifestação caseira dos sons e versos em uma proposta talvez fosse impossível de ser vista dentro de um projeto de cunho comercial do mesmo gênero. Depois de dois ótimos trabalhos de propostas bem similares apresentados no último ano – Dr. Lecter e Well-Done – e a ainda recente Blue Chips – um dos melhores registros de rap do ano -, Bronson está de volta com mais um atrativo e bem humorado projeto: Rare Chandeliers (2012, Vice).

Trabalhado em parceria com The Alchemist, o novo álbum não foge da proposta dos anteriores lançamentos do rapper e também chef de cozinha, que entre provas de comida e rimas nos delicia com mais uma sucessão de versos ácidos, pervertidos e sempre perfumados pelo cotidiano. Mesmo livre do fluxo pop do registro anterior, em novo projeto Bronson surge mergulhado em um clima de conceitos, bebendo aqui e ali da década de 1970, do rap Old School e novamente se distanciando de muito do que ecoa na cena comercial recente. Mais do que um simples rapper, Bronson é um ator, e aqui interpreta um verdadeiro gangster.

Da capa aos versos, a nova mixtape passeia sublime pela sonoridade e o clima firmado há mais de quatro décadas, como se Bronson e o parceiro de produção firmassem as bases para um típico retrato da Blaxploitation – sem um protagonista negro, claro. Com sonoridade cadenciada e consistente de forma geral, o álbum descreve personagens, define histórias e acima de tudo, permite que o rapper se divirta contando piadas e rimando com nomes como Schoolboy Q, Roc Marciano e Sean Prince. Uma trilha sonora alternativa para algum clássico dos anos 70, mas que ecoa coerente com tudo que circula no novo rap.

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Como todo lançamento de Bronson, o destaque das líricas muitas vezes acaba em segundo plano, resultado da íntima relação com os produtores, figuras que tomam grandes proporções no decorrer de cada novo disco do norte-americano. Depois de Party Supplies, Statik Selektah e Tommy Mas trabalharem ao lado do rapper, chega a vez do perspicaz The Alchemist mostrar a que veio. Dono do recém-lançado Russian Roulette, o produtor parece ter dado muito mais atenção ao presente registro com Action do que com o próprio trabalho em si. Um projeto exagerado (com exatas 30 faixas) e que passa longe de ser repetido em Rare Chandeliers.

Entre linhas de baixo densas, samples de composições memoráveis da década de 1970 e uma aveludada tapeçaria instrumental que garante clima e invento ao trabalho, The Alchemist parece ter viajado no tempo para criar as bases perfeitas que crescem ao longo do disco. Enquanto a primeira metade do trabalho parece destinada aos versos, a segunda permite que o instrumental cresça de forma evidente, alcançando o ápice em músicas como Bitch I Deserve You feat Evidence – uma das melhores da dupla e um dos raros momentos em que o rapper mostra seu “canto”.

Mesmo pensado como um trabalho hermético, com boa parte das composições se relacionando dentro de uma mesma proposta lírica e sonora, alguns desvios dessa estrutura acabam comprometendo um melhor rendimento do disco. A ausência de composições mais acessíveis também atrasa o ritmo do disco, que pode passar despercebido mediante a uniformidade e excessiva aproximação instrumental de algumas faixas. Rare Chandeliers, entretanto, mantém a proposta de uma boa mixtape, seguindo sem uma linearidade abrangente e parecendo muito mais incentivada pelo humor do que a necessidade de firmar uma grande obra em si.

Rare Chandeliers (2012, Vice)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: The Alchemist, Schoolboy Q e Das Racist
Ouça: Bitch I Deserve You feat Evidence e The Symbol

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.