Disco: “Reach A Bit Further EP”, Wild Beasts

/ Por: Cleber Facchi 16/11/2011

Wild Beasts
Brisith/Indie/Alternative
http://www.wild-beasts.co.uk/

Por: Cleber Facchi

 

O minimalismo de Steve Reich, a literatura de Mary Shelley e Clarisse Lispector e a melancolia sublime que há tempos escorria dos trabalhos do Wild Beats, estes foram os elementos utilizados pelo quarteto inglês para dar vida a Smother, terceiro trabalho da carreira do grupo de Kendal e um dos projetos mais complexos já lançados até agora. Ainda mergulhados em seu mundo de calmarias sufocantes – que também reverberam doses de um Radiohead pós-OK Computer e pequenas transições pelo Dream Pop dos anos 90 -, o quarteto lança agora uma apêndice de sua memorável obra, Reach A Bit Further EP, um registro de quatro faixas que mais uma vez reforça a supremacia das feras selvagens.

Partindo exatamente do eixo iniciado pela poderosa faixa que dá título ao EP – e que também ocupa a oitava posição no recente trabalho de estúdio da banda -, o pequeno álbum vai para além de um mero agregado de restos de estúdio, proporcionando ao espectador mais uma dose, mesmo que curta, da mesma exatidão melancólica que encontramos ao longo do ainda novo grande disco. Entre pianos claustrofóbicos e os peculiares vocais de Hayden Thorpe, somos mais uma vez tragados para o excêntrico universo da banda, mesmo que dessa vez dentro de curtos 15 minutos de duração.

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Soando como um quarteto de bons filhos que souberam como absorver todos os ensinamentos de seus pais, o grupo vai lentamente elaborando um curto catálogo de honrarias ao trabalho do Radiohead, embora estejam mais do que cientes de que suas bases musicais passeiam por distintas vertentes musicais, indo de encontro aos sons ressaltados pela teatralidade da Vaudeville norte-americana aos experimentos jazzísticos dos anos 60. Dentro dessa estufa musical bastante específica surgem as inéditas Smother, Catherine Wheel e Thankless Thing, que em parceria com a já conhecida canção título nos afogam em uma sequências de sons estruturados em uma dor consistente e nunca desnecessária.

Embora até siga a mesma linguagem e diversas semelhanças ressaltadas pela banda em seu último álbum, o EP acaba se desvirtuando de um caminho idêntico e imutável, buscando apoio em um conjunto de sons que se apóiam tanto em um resultado mais experimental (Catherine Wheel) como em fórmulas sonoras que se adornam por melodias suaves e estruturas instrumentais consistentemente harmônicas (Thankless Thing). Mesmo que não fosse necessário, Reach A Bit Further EP surge para reforçar algo que talvez alguns já tenham esquecido: com Smother o Wild Beasts alcançou sua mais bela obra musical, um trabalho que não apenas figurará entre os melhores do ano, como também em futuras épocas.

 

Reach A Bit Further EP (2011, Domino)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Foals, Radiohead e The XX
Ouça: Thankless Thing

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.