Disco: “Relax”, Das Racist

/ Por: Cleber Facchi 14/09/2011

Das Racist
Hip-Hop/Rap/Alternative
http://dasracist.net/

Por: Pedro Ferreira (@pedrohenriqueof)

Ironia: expressão ou gesto que dá a entender, em determinado contexto, o contrário ou algo diferente do que significa; atitude de quem usa expressões ou gestos irônicos; sarcasmo. Parece que temos, aqui, uma definição bastante adequada para um grupo musical formado por dois descendentes de indianos e um afro-cubano, nascidos e radicados nos Estados Unidos, que escolheram o termo “O Racista”, em alemão, para intitular o projeto de sua lavra.

Das Racist é um emblemático grupo de Hip Hop, cujo estilo em nada se assemelha aos grandes baluartes do gênero. Estrearam no ano passado com duas mixtapes – Shut Up, Dude e Sit Down, Man – e já arrebataram uma enorme quantidade de fãs com seu estilo controvertido, espalhafatoso e nada convencional.

A produção dotada de inúmeros elementos de música eletrônica e as letras carregadas de forte tom jocoso subsistiram no mais novo lançamento do grupo, o primeiro full lenght a ser distribuído comercialmente: Relax. Uma inteligente epopeia humorística, feita por quem está determinado a incutir nas tradicionais batidas do rap uma vertente completamente nova.

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E é surpreendente o quão eficaz essa arrojada proposta é: ao se escutar o disco, as primeiras impressões são de desconfiança, mas na metade da segunda faixa a hesitação já se converte em admiração. A forma com que a produção é feita é realmente incomum ao mundo do Hip Hop, sendo seus samples muito mais afins aos do mundo eletrônico, e é nessa inusitada junção de estilos que reside um dos maiores trunfos do trabalho.

No que concerne às letras, estas se consubstanciam num ótimo veículo de exteriorização da veia humorística de seus autores. Além disso, uma incontável quantidade de referências – literárias, cinematográficas, filosóficas, geeks ou, até mesmo, de cultura inútil – preenche quase a totalidade das faixas. Registre-se: não é qualquer um que relaciona, num mesmo álbum, por exemplo, Agata Christie, My Bloody Valentine, Michael Jackson, Stephen Hawking, Michael Douglas, Tumblr e outros elementos tão ou mais aleatórios quanto esses.

Resumindo o seu som, nas palavras dos próprios membros, o Das Racist faz música dançante falando sobre assuntos totalmente incompatíveis com as dancefloors. A cena alternativa andava carente de novos conceitos, ideias diferenciadas e cabeças pensantes que injetassem ânimo e polêmica na cena musical. Esse álbum, indubitavelmente, se coaduna com a necessidade demonstrada. Disposição, criatividade e uma boa dose de nonsense: receita infalível para provocar frisson em público e crítica.

Relax (2011, Greedhead)

Nota: 8.1
Para quem gosta de: OFWGKTA, Heems e Kool A.D.
Ouça: Michael Jackson, Happy Rappy e The Trick

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.