Disco: “Ritual Union”, Little Dragon

/ Por: Cleber Facchi 18/07/2011

Little Dragon
Swedish/Trip-Hop/Indie Pop
http://www.little-dragon.se/

Por: Fernanda Blammer

Falar sobre a música sueca, principalmente aquela apresentada ao longo da última década é quase um sinônimo para grupos donos de uma instrumentação dividida entre o maduro e o pueril, além de letras tomadas por uma jovialidade pós-adolescente. Não é estranho que grupos como I’m From Barcelona ou Peter Bjorn and John logo se manifestem em nossa memória, entretanto, para além de composições graciosas, o território nórdico abre as portas para bons representantes da música eletrônica como The Knife, jj e Robyn, anunciando a vasta produção do local. Unindo essas duas vertentes em seu novo trabalho, o quarteto Little Dragon brinca com os ritmos eletrônicos sem deixar de lado todo o gracejo pop anunciado em seu país de origem.

Quando o homônimo primeiro álbum do quarteto Yukimi Nagano, Erik Bodin, Fredrik Källgren Wallin e Håkan Wirenstrand foi lançado em 2007, uma clara predisposição ao trip-hop era o que delimitava todo o apanhado de composições do grupo, sempre pendendo para uma sonoridade mais amena e suavemente melancólica. O tempo e as produções seguintes da banda – como o álbum Machine Dreams de 2009 – foram aos poucos amaciando as canções dos suecos, intercalando as frequências eletrônicas com as mesmas entonações adocicadas dos grupos conterrâneos. O resultado final desse dicotômico encontro está em Ritual Union (2011, Peacefrog/EMI) terceiro e melhor trabalho da banda até então.

Embora seja uma uma clara dissidência do que fora projetado no cenário musical de Bristol nos anos 90 e que acabou resultando em grupos como Portishead e Massive Atack, a sonoridade proposta pelo quarteto sueco parece gozar de uma projeção instrumental própria, radiante, mas ainda assim levemente entristecida. Diferente do que era proposto dentro dos trabalhos anteriores da banda, com esse novo álbum o Little Dragon parece soltar todas suas amarras, promovendo um registro maduro, comercial e indisposto de erros.

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=RniiekRdbZg?rol=0]

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=bmP2ULBJGYQ?rol=0]

A sucessão de faixas radiofônicas que moldam a primeira metade do álbum só permite que o ouvinte venha a respirar apenas com a chegada de Crystalfilm, garantindo uma boa condução do registro e fazendo com que ele aprisione o espectador logo em sua abertura. Impossível dizer qual composição garante melhores resultados ao registros. Se a homônima faixa de abertura conquista por sua largada repleta de entusiasmo, Little Man e seu toque adocicado de sintetizadores vão aos poucos desenvolvendo a artilharia da canção, e o mesmo vale para Please Turn, que abre em meio a contornos modestos, mas logo edifica um grandioso castelo de sons sintetizados e batidas dançantes.

Límpidos, os vocais de Nagano vão se orientando como único elemento verdadeiramente orgânico dentro da obra, criando uma espécie de pequeno embate entre ela e as formas sonoras sintetizadas que tomam de assalto a construção do registro. Mesmo ao nos aproximarmos do fim do álbum, o quarteto não se abate, mantendo através de seu corpo de sintetizadores uma condução entusiasmada até a chegada da última faixa, só então estabelecendo uma sonoridade mais climática e menos volátil em relação ao que é apresentado na primeira etapa do álbum.

Ao mesmo tempo em que o Little Dragon mantém uma postura decidida em produzir um registro pop e encantadoramente despojado é possível nos depararmos com a busca de novas sonoridades como a que é ressaltada em When I Go Out. Diferente da condução apresentada no restante do álbum, a faixa transita por um tipo de som mais voltado ao dubstep, permitindo que o grupo experimente novas possibilidades dentro do álbum, algo que de forma alguma desestabiliza o registro ou soa excessivamente distante daquilo que é promovido através das demais faixas, pelo contrário, apenas engrandecendo o que já era belo dentro de Ritual Union.

Ritual Union (2011, Peacefrog/EMI)

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Portishead, Jamie Woon e Junior Boys
Ouça: Ritual Union

[soundcloud width=”100%” height=”81″ params=”” url=”http://api.soundcloud.com/tracks/18585018″]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.